Com repercussão nacional pela performance nas urnas e pelo uso de “santinhos” feitos de folhas secas de árvores, o vereador reeleito Gabriel Biologia (Psol) reforça a necessidade de evitar gerar “lixo eleitoral” na campanha. Em entrevista na última terça-feira (8), quando o seu partido anunciou apoio a Evandro Leitão (PT) no segundo turno à Prefeitura de Fortaleza, o parlamentar comentou a jornada até as urnas em 2024.
No último domingo (6), ele recebeu 30.682 votos e teve o segundo melhor desempenho nas urnas para a Câmara Municipal de Fortaleza, ficando atrás apenas de Priscila Costa (PL), com 36.226 votos. “A gente conseguiu fazer isso sem usar nenhum papel, sem panfleto, sem santinho, sem adesivo, e mostrar de maneira pedagógica que dá para fazer uma campanha sem gerar resíduo”, defendeu o vereador.
Hoje com 27 anos, Gabriel Lima de Aguiar iniciou sua trajetória de militância em movimentos de preservação do meio ambiente, como o Instituto Verdeluz e o SOS Cocó, e incorporou a pauta à sua atuação no Legislativo. Ele é biólogo e mestre em Ecologia e Recursos Naturais pela Universidade Federal do Ceará (UFC). O vereador concedeu entrevista à imprensa em que comenta o feito eleitoral, o cenário de segundo turno em Fortaleza e suas prioridades no próximo mandato.
Confira entrevista com Gabriel Biologia:
Diário do Nordeste: A campanha repercutiu nacionalmente. Como foi a trajetória?
Gabriel: A gente conseguiu fazer isso sem usar nenhum papel, sem panfleto, sem santinho, sem adesivo, a gente conseguiu mostrar de maneira pedagógica que dá para fazer uma campanha sem gerar resíduo. Como você falou, chegou em São Paulo, já tá no Brasil todo, então a gente tem a expectativa que, nas próximas eleições, tenha muito menos lixo eleitoral, muito menos derrame e por aí vai. E agora a gente não pode tremer a mão nesse segundo turno em Fortaleza. A gente tem do lado de lá um projeto do André (Fernandes), que é o projeto do Bolsonaro, o projeto do bolsonarismo. E esse é o projeto mais anti-ambiental que já existiu no Brasil e que existe agora em Fortaleza. É o projeto do retrocesso, do preconceito, da mentira, da fake news. Então a gente não tem dúvida que nós estamos contra esse projeto, que estar contra esse projeto, hoje, é defender a candidatura do Evandro Leitão e votar 13 neste segundo turno.
DN: A que o senhor. atribui o sucesso da sua votação?
Gabriel: A gente teve um diálogo muito direto com a população. Em 51 dias de campanha, a gente fez mais de 150 ações de rua. Então nós falamos olho no olho com dezenas de milhares de fortalezenses – eu tô recuperando minha voz agora, inclusive –, foram 51 dias acordando 5h30 da manhã e indo dormir 22h, 23h da noite, 100% nas ruas só falando com as pessoas. Então entregamos a nossa folhinha, conversamos, apresentamos o nosso programa, nós temos quase 300 propostas para Fortaleza, cinco eixos principais. Então, é uma campanha que tem proposta, que tem programa consistente com o que a gente desenvolveu nesses últimos seis anos de trabalho. Então, acredito que isso chegou na população, a população abraçou esse projeto e tá junto com a gente na luta por uma Fortaleza justa, por uma Fortaleza Verde.
DN: Que prioridades e pautas o senhor pretende levar para o novo mandato?
Gabriel: Então, nós dividimos o nosso programa em cinco grandes bandeiras, né? Fortaleza pelas águas é uma delas, a defesa dos nossos rios, riachos, nascentes, lagoas, oceano. A Fortaleza pelos animais, também, tanto animais domésticos, cães e gatos, quanto os animais silvestres, que dependem das florestas preservadas. Fortaleza sem catraca, não é o “vai-vem” estudantil, é o passe livre universal, passe livre para que ninguém precise pagar mais uma passagem, seja que idade for, que ocupação tenha, para a cidade ser acessível à população. A gente tem defendido esses eixos com centralidade, Fortaleza Verde em clima de urgência, contra a crise climática, 40% das emissões vem do transporte, o restante quase todo da falta de saneamento básico, o saneamento básico é central para nossa candidatura. E por fim, Fortaleza com história, com memória, a defesa da nossa cultura, os fazedores de cultura, o nosso patrimônio histórico e cultural, tudo isso é o centro do nosso programa.
DN: Qual a sua opinião sobre a taxa do lixo?
Gabriel: É uma catástrofe, né? A gente lutou muito contra essa taxa, viramos noites, madrugadas, eu fiquei profundamente frustrado, a Prefeitura perdeu a oportunidade de criar uma economia do resíduo, de conseguir fortalecer, incentivar as pessoas a segregarem o resíduo, a descartarem orgânico da maneira correta. Você tratando o seu resíduo correto, você jogando ele no chão, você paga a taxa do mesmo jeito, é péssima essa taxa e nenhum centavo dela, nenhum, sabe? Quem tá pagando pense nisso, nenhum centavo foi para aumentar o orçamento para resíduos sólidos, é o mesmo orçamento antes e depois da taxa e estamos lutando na justiça contra isso.
DN: Em que consiste o apoio dado ao Evandro Leitão pelo Psol hoje?
Gabriel: Antes de estar aqui neste local, antes dessa coletiva, antes de declarar este apoio, nós sentamos com o Evandro. Nós pedimos apenas uma coisa: o nosso apoio é um apoio pela cidade, pela democracia. Nós não fizemos acordos, nós não negociamos cargos, não há nenhuma demanda estrutural para essa candidatura, o apoio é pela cidade e é livre. O que nós pedimos ao Evandro foi portas abertas aos movimentos sociais e as pautas que a gente defende. Direitos humanos, o meio ambiente, a política de moradia, a gente espera e tem essa expectativa e o Evandro se comprometeu a honrar esse compromisso.