Em pronunciamento, Mourão culpa 'instituições públicas' pela existência de atos antidemocráticos

O presidente em exercício também disse que a alternância de poder é saudável em uma democracia

Nas últimas horas do governo que se iniciou em 2019, o vice-presidente Hamilton Mourão (Republicanos) fez um pronunciamento em cadeia nacional acenando para apoiadores e avaliando a gestão. Ele, que atua como presidente em exercício, substitui o titular Jair Bolsonaro (PL), que viajou para os Estados Unidos.

Dirigindo-se diretamente aos seus eleitores, Mourão agradeceu o apoio durante o governo e a campanha eleitoral. "Desejo concitá-los a lutar pela preservação da democracia, dos nossos valores, do estado de direito, pela consolidação de uma economia liberal, forte, autônoma e pragmática", disse.

O presidente em exercício declarou, ainda, que iniciativas como as que questionaram o resultado das urnas vêm da "falta de confiança e parcela significativa da sociedade nas principais instituições públicas" que, na sua avaliação, abstêm-se intencionalmente do cumprimento "dos imperativos constitucionais".

Por isso, afirmou Mourão, parte da população procura a resolução desses problemas em outros entes, como o Exército, que, "no regime vigente, carecem de lastro legal para o saneamento do desequilíbrio institucional em curso".

O pronunciamento ocorre às vésperas da posse do presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), em Brasília. Por ser o principal adversário de Bolsonaro na campanha, a eleição do petista desencadeou uma série de episódios golpistas por todo o País, que questionavam o resultado das urnas. 

O sistema de votação brasileiro, contudo, é referência mundial em segurança e durabilidade. Por isso, instituições nacionais e internacionais rejeitaram as manifestações antidemocráticas, validando de forma simbólica e concreta o resultado do pleito de outubro.

Quanto ao novo governo, Mourão afirmou que a alternância de poder é saudável em uma democracia e deve ser preservada.

Balanço

O vice-presidente também fez um rápido balanço do governo, destacando a gestão da pandemia. Para ele, houve avanço "na economia, na digitalização da gestão pública, regulamentação da tecnologia da informação, na privatização de estatais, na liberalização da economia".

Além disso, Mourão lembrou que o governo promoveu "uma silenciosa e eficaz reforma administrativa, não recompletando vagas disponibilizadas por aposentadoria". Também destacou a mudança no modelo previdenciário.

O senador eleito afirmou, ainda, que, junto a Bolsonaro, trabalhou "duramente contra a pandemia", ajudando os mais necessitados e as empresas que precisaram de suporte.

Agora, diz Mourão, a gestão de Lula recebe um "país equilibrado, livre de práticas sistemáticas de corrupção, em ascensão econômica e com as contas publicas equilibradas, tornando o Brasil uma das economias mais prósperas" do mundo.