Há cerca de duas semanas, os novos seguidores do deputado estadual Delegado Cavalcante (PTB) estão sendo alertados pelo Instagram de que o deputado publica insistentemente informações falsas. Ao Diário do Nordeste, o parlamentar afirma que irá processar a rede social, que atualmente integra o conglomerado de tecnologia Meta, presidido por Mark Zuckerberg.
De acordo com o relato do deputado, desde o início do mês, diversos eleitores começaram a enviar fotos do alerta feito pela rede social. “Tem certeza de que deseja seguir? Esta conta publicou repetidamente informações falsas que foram analisadas por verificadores de fatos independentes ou que eram contra nossas diretrizes da comunidade”, diz o aviso.
“Vou acionar a Justiça, isso é difamação. Já tentei falar com eles (Instagram), mas não adianta. É uma coisa que está me prejudicando demais, me queima para os seguidores, é crime de difamação”, acusa o deputado.
Batalha judicial
Questionado pelos motivos que levaram a esse alerta, Cavalcante diz acreditar que se trata de uma ação orquestrada de adversários. “Só pode ser denúncia em massa dos adversários, eles se juntam para denunciar ao mesmo tempo e derrubam o perfil, tem gente que faz isso só pelo mal. Com a eleição chegando, isso prejudica demais”, lamenta.
De acordo com o político, sua equipe jurídica se reuniu na semana passada e deve apresentar uma ação judicial ainda nesta semana para que a plataforma retire o aviso do ar.
Combate à desinformação
Desde 2019, o Instagram tem implementado uma série de ações para tentar barrar a disseminação de informações falsas na plataforma. Os procedimentos também são adotados pelo Facebook e pelo Whatsapp, plataformas do grupo Meta.
À época, a empresa fez parcerias com empresas independentes de checagem para avaliar os conteúdos publicados e fazer alertas sobre desinformação.
"Esses parceiros avaliam informações falsas de forma independente para nos ajudar a identificá-las e reduzir sua distribuição. Hoje, estamos expandindo nosso programa de verificação de fatos globalmente. Nosso objetivo é permitir que organizações que atuam neste setor ao redor do mundo avaliem e classifiquem a desinformação na nossa plataforma", informa a rede social.
O sistema, atualmente, reduz o alcance de postagens e perfis que publicam esse tipo de conteúdo. Ao procurar o nome do parlamentar cearense, por exemplo, o perfil oficial dele só aparece como sugestão se no campo de busca for digitado o nome completo do usuário.
"Quando um conteúdo é classificado como falso ou parcialmente falso por um verificador de fatos independente, reduzimos a distribuição dele. Para isso, o removemos da guia Explorar e das páginas de hashtag. Também diminuímos sua visibilidade no Feed e no Stories. Além disso, o conteúdo é rotulado para que as pessoas possam tomar decisões mais embasadas sobre o que ler, compartilhar e no que confiar. Esses rótulos são aplicados no feed, no perfil, nos stories e nas mensagens diretas", explica o Instagram em suas diretrizes.
Aliados
O próprio presidente Jair Bolsonaro (PL), de quem Cavalcante é aliado, já teve publicações classificadas como falsas. Em maio de 2020, por exemplo, ele compartilhou um post do deputado estadual André Fernandes (PL) – também aliado de Cavalcante – comparando os óbitos por doenças respiratórias em 2019, ano em que não havia Covid-19, e 2020, já com a pandemia.
Nunca tive uma única notificação de notícia falsa no Instagram. Jamais fui punido por violar as regras e, mesmo assim, comecei a ter o meu alcance brutalmente reduzido. Há uma clara e sistemática perseguição a qualquer um que esteja com o presidente. Irei judicializar. É censura! pic.twitter.com/jtWRp5VG0U
— André Porciuncula (@andreporci) February 2, 2022
No caso de Cavalcante, no entanto, todo o perfil é classificado como disseminador de informações falsas. A situação é semelhante ao que ocorre com o secretário nacional de Fomento e Incentivo à Cultura da Secretaria Especial de Cultura, André Porciuncula.