Presidente do PT Ceará, Antônio Filho afirmou que o partido entende que a aliança governista foi rompida pelo PDT após escolha pelo ex-prefeito Roberto Cláudio (PDT) para a disputa ao Governo do Ceará.
"O PDT fez a opção de decidir de forma unilateral. Não houve oportunidade para o diálogo e essa decisão deles representa, tácito e unilateralmente, um impedimento da aliança, um final da aliança", ressaltou.
A declaração foi feira após reunião do diretório estadual do PT na tarde desta terça-feira (19), para discutir os próximos passos do partido para a disputa pelo Palácio da Abolição, na qual foi aprovada resolução com o posicionamento da legenda. O ex-governador Camilo Santana (PT) participou de forma virtual da reunião.
"Governador reiterou seu compromisso com o PT, diz que está firme com o PT e expressou o alinhamento da posição do PT com a sua posição. Essa resolução traduz a posição do PT e o aval do ex-governador Camilo", ressaltou o presidente do PT Ceará.
Indagado sobre a possibilidade de diálogo com o PDT, ele disse que as conversas deveriam "ter sido feitas antes da escolha". "A prioridade é dialogar com os partidos que foram excluídos desse processo", completou.
"O PDT se fechou em copas. Tratou todas as tentativas de diálogo prévio à sua escolha como intromissão indevida. Ignorou inclusive as manifestações públicas de preferência de partidos aliados, lideranças, inclusive do ex-governador Camilo Santana pelo nome de sua filiada e atual governadora Izolda Cela", diz nota do diretório.
Apesar de ter sido colocada como uma possibilidade por lideranças petistas, Antônio Filho não quis cravar a candidatura própria do PT ao Governo do Ceará. Segundo ele, qualquer decisão só será comunicada após reunião com os partidos aliados, entre os quais MDB e PP. "Queremos fazer um processo as avessas do que foi feito lá", alfinetou.
Ele disse ainda que o ex-presidente Lula está acompanhando "quase em tempo real" as discussões no Ceará e que já ocorrem mobilizações para uma visita dele ao Estado.
'Constrangimento público'
Na resolução divulgada pelo PT Ceará logo após o fim da reunião, o processo de definição de Roberto Cláudio como pré-candidato do PDT ao Governo - em votação no diretório estadual nesta segunda-feira (18) - é chamado de um "triste espetáculo de constrangimento público da primeira mulher a chegar ao governo do Estado". O partido presta ainda "solidariedade e reconhecimento" à Izolda Cela.
"A exclusão de Izolda representou igualmente a negativa do diálogo na busca de consenso e o pouco apreço à aliança, aos aliados e sobretudo, o desprezo às conquistas e melhorias alcançadas na vida dos cearenses por conta do seu trabalho, junto com Camilo nos anos recentes. Prevaleceu a arrogância, o capricho e a expressão de mando que subjugou os interesses dos cearenses à obsessão de poder de um só", prossegue o texto.
Por fim, a resolução do partido reitera: "esse veto materializou ainda o rompimento tácito e unilateral da aliança até então estabelecida". Em coletiva após o encontro do diretório, Antônio Filho ressaltou que a resolução divulgada "traduz a posição do PT e o aval do ex-governador Camilo".
"E vamos, sob a coordenação e liderança dele, dialogar com os demais partidos que também se sentem excluídos", completou.
PDT ainda tenta aliança
Apesar da perspectiva de rompimento, o presidente do PDT no Ceará, deputado federal André Figueiredo, em postagem nesta terça-feira, indicou que ainda há um esforço para manutenção da aliança.
"Foi um processo democrático do partido (a escolha de Roberto Cláudio), e agora vamos sentar para conversar com todos nossos aliados, e estabelecer a melhor estratégia de vitória", escreveu o parlamentar.
Após a decisão por maioria do PDT, o próprio Roberto Cláudio afirmou que vai procurar lideranças.
"A primeira tarefa nossa agora é celebrar e construir nossa unidade interna, depois disso procurar também, humildemente, todos os nossos aliados que compõem a nossa aliança hoje, procurar o ex-governador Camilo Santana, procurar todo mundo para conversar e manter a aliança o mais ampla possível"