Após reunião com ânimos acirrados, o senador Cid Gomes, atualmente no comando do diretório estadual do PDT, comentou uma declaração dada mais cedo, na noite desta sexta-feira (29), por André Figueiredo. O presidente nacional do partido se retirou do encontro e disse que vai tomar providências "porque não dá para conviver com ditaduras" na legenda. Para Cid, a declaração é injusta.
"Se fui acusado, em minha defesa, o que eu faço é reunir as instâncias partidárias. Alguém pode ser ditador com essa característica? Eu faço reunião a cada 15 dias da Executiva. E faço uma reunião uma vez por mês do diretório. Isso é atitude de ditador? Em minha defesa, eu acho que eu não mereço esse título, não. Talvez não tenha sido também não, né? Talvez tenha sido para outro ente", disse o senador.
Ainda segundo ele, a tensão começou com a discussão sobre a relação com o governo Elmano de Freitas (PT) e com o PT.
"Foram feitos alguns informes de ações no partido: ar-condicionado, pintura e som novo. Depois, a gente fez um levantamento de potenciais candidatos em situação e em oposição pelo PDT. [...] Em seguida, nós colocamos essa questão polêmica de 'ser ou não ser'. Para mim, não é 'ser ou não ser' governo, para mim, é reaproximar, refazer uma aliança com o PT ou não", explicou.
"Isso é uma coisa que já ficou, a meu juízo, mal resolvida na eleição de 2022 e essa era uma oportunidade de a gente discutir. Então houve uma ponderação de que não fosse discutida agora e, em seguida, nós ficamos discutindo algumas coisas sem ser deliberativo, e aí os ânimos se acirraram e uma parte dos presentes resolveram se retirar", completou.
O senador afirma que o debate sobre a relação com o grupo governista foi retirada de pauta a pedido de André Figueiredo.
"Nós ficamos conversando sobre diversos assuntos, avaliando, vendo o passado, pensando no futuro e aí as intervenções mais acaloradas acabaram provocando manifestações mais duras, alguns se incomodaram, enfim, isso acabou acirrando os ânimos", concluiu.
Ânimos acalorados
O estopim da confusão, segundo alguns parlamentares, ocorreu após uma fala de Roberto Viana, presidente nacional do Movimento Cultural Darcy Ribeiro, que questionou a condução do partido e fez menção ao pleito do ano passado. Cid Gomes se sentiu contrariado e rebateu.
Após a fala do senador, André Figueiredo saiu em defesa de Viana, o que gerou o embate entre as duas alas de pedetistas. Da calçada, onde a imprensa ficou, era possível ouvir Cid desejando "felicidades" a Figueiredo, que ameaçava deixar a reunião e criticava a conduta do senador.
Figueiredo fala em 'ditadura no PDT'
O presidente nacional da legenda deixou a reunião com os ânimos elevados.
"Infelizmente, a reunião estava ótima. Infelizmente, não terminou bem, vamos tomar decisões porque não dá para conviver com ditaduras dentro da PDT. Resolvemos nos retirar para não ser coniventes com agressões descabidas contra companheiros nossos", assinalou Figueiredo.
Ao ser questionado se o PDT nacional atuaria, ele respondeu que "vai ser resolvido", sem dar mais detalhes.
O Diário do Nordeste presenciou um clima de animosidade na ocasião, com gritaria e movimentação no salão da sede do partido. Apesar da dispersão, a reunião seguiu com aliados de Cid.