O deputado estadual e presidente do PL Ceará, Carmelo Neto, disse, em entrevista à live do PontoPoder desta quinta-feira (30), que recebeu com surpresa a renúncia de Acilon Gonçalves da direção partidária e que, apesar de ter sido alçado para a função como substituto do prefeito de Eusébio, nunca havia pensado em ter o comando do diretório estadual em suas mãos.
Segundo o político, seu maior objetivo até então era tocar a pré-candidatura para a Prefeitura de Fortaleza, situação em que disputava a indicação partidária com o deputado federal André Fernandes, mas, considerando a saída de Gonçalves, houve o entendimento da bancada liberal e de outros correligionários de que seu nome seria o mais adequado.
"Não fazia parte dos meus planos, no momento, assumir o PL, assumir o meu partido, mas o desafio me foi entregue, e missão dada é missão cumprida", comentou Carmelo.
Uma intervenção do ex-presidente da República Jair Bolsonaro teria sido preponderante para a decisão. Pelo que contou o entrevistado, os dois tiveram um encontro em Brasília um dia após o ex-dirigente estadual apresentar o pedido de destituição e foi feito o convite para presidir a legenda no Estado e abdicar da pré-candidatura.
"A renúncia do ex-presidente Acilon Gonçalves me pegou de surpresa. Foi numa segunda-feira e eu estava no voo indo para Brasília. Acho que (naquele momento) também pega a todos de surpresa e aí na terça-feira a gente se deparou com esse problema para resolver", pontou Carmelo, contando que foi em meio a esse contexto que houve o entendimento em torno da sua condução para a presidência.
"Em nenhum momento eu cogitei, meu foco era realmente a pré-campanha à Prefeitura de Fortaleza pelo PL. Não serei pré-candidato em 2024, mas não posso esconder que nutro, ainda esse sonho de poder colocar meu nome à disposição e governar minha cidade", completou ele, mencionando que, neste ano, o que está firmado entre seus pares é a apresentação do nome de André Fernandes como o pré-candidato do Partido Liberal.
Ao deixar do comando, no último dia 21 de novembro, Acilon Gonçalves entregou para a Executiva nacional uma carta em que citava os motivos pelos quais estava deixando o cargo máximo do órgão partidário. As "divergências de entendimento com outros membros da sigla" foram as principais queixa do mandatário.
O comunicado não detalhou quem seriam esses correligionários, mas o embate interno no PL é notório desde a chegada da ala bolsonarista, em 2021. Liderado por Fernandes, o grupo mudou o direcionamento da legenda, que até ali possuía acordos de aliança com os governistas. Perguntado sobre o tema, Carmelo Neto, entretanto, intitulou o momento como uma "disputa interna saudável".