Candidatos à Prefeitura de Fortaleza concentram debate em saúde e segurança pública

Postulantes à Prefeitura protagonizaram embates diretos e elencaram propostas para a gestão municipal

O segundo debate entre os candidatos à Prefeitura de Fortaleza, realizado na noite desta terça-feira (27), foi marcado por embates diretos entre os candidatos André Fernandes (PL), Capitão Wagner (União Brasil), Evandro Leitão (PT), George Lima (Solidariedade), José Sarto (PDT) e Técio Nunes (Psol).

Saúde e segurança pública foram os temas que mais dividiram os postulantes à Prefeitura da Capital no encontro promovido pelo jornal O Povo. As discussões giraram em torno das áreas que são apontadas como prioridades para a população, de acordo com a primeira pesquisa Quaest sobre a disputa deste ano. O levantamento demonstrou que as áreas foram apontadas como gargalos da cidade para 25% e 45% dos entrevistados, respectivamente. 

O debate foi dividido em quatro blocos. Os trechos foram marcados por embates diretos entre os postulantes na dinâmica de perguntas e respostas, sendo a última parte dedicada para as considerações finais.

Os seis candidatos voltam a se enfrentar no Debate PontoPoder, marcado para esta quarta-feira (28), a partir das 17h. A transmissão será realizada de forma simultânea no Youtube do Diário do Nordeste (site, YouTube e Instagram), na Verdinha FM 92,5 e na TV Diário.

PRIMEIRO BLOCO

O primeiro embate do encontro se deu entre Evandro Leitão e José Sarto acerca da saúde. O candidato do PT disse que a área vive um “descaso” por parte da Prefeitura. “Nós vamos retomar todas as unidades [fechadas]. Entregar o Hospital da Mulher. No Conjunto Ceará, o [hospital] Nossa Senhora da Conceição. Iremos instituir o terceiro turno, a ampliação do horário até às 21 horas”, propôs. 

Por sua vez, Sarto respondeu às críticas dizendo que vai “fazer exatamente o que o seu governo não está fazendo”, em referência à gestão de Elmano de Freitas (PT). “Já entreguei três hospitais, construí 24 novos postos de saúde, estou entregando pela primeira vez medicamento em casa. Nós estamos fazendo aqui a maior revolução na atenção da saúde pública de Fortaleza.”

Na sequência, Sarto escolheu questionar Capitão Wagner sobre a sua gestão à frente da Secretaria de Saúde de Maracanaú, que ele classificou como “desastre absoluto”. O candidato do União Brasil rebateu a fala dizendo que Sarto “fantasiou um fato”. “Eu assumi a gestão em fevereiro de 2023 e a nota que o Ministério da Saúde, que hoje é administrado pelo PT, dava era 5. Ampliando a cobertura das mulheres gestantes, ampliando a cobertura vacinal, ampliando a consulta de hipertensos e diabéticos, nós melhoramos a saúde preventiva e levamos essa nota para 9”, ressaltou.

O debate seguiu em torno da saúde no embate entre André Fernandes e George Lima. Os dois, inclusive, protagonizaram ofensas um ao outro quando o deputado federal chamou o candidato do Solidariedade de “inexpressivo”, que rebateu chamando o postulante do PL de “louco”. 

Sobre a área, André defendeu a descentralização. “Precisamos fazer parcerias com a iniciativa privada. Está na hora de tirar tanto dinheiro da mão de duas ou três grandes empresas, que há décadas administram a saúde aqui em Fortaleza, e colocar em várias clínicas populares particulares, colocar o povo para ser atendido de forma gratuita.”

George Lima, por sua vez, avaliou que é importante uma parceria com a rede estadual e federal para melhorar o atendimento. “Tenho também uma ideia que é entregar para a população de mais de 60 anos, para pressão alta e diabetes, bancado pela Prefeitura. Fazer saúde é cuidar de quem precisa, e com dinheiro”, apontou.  

Técio Nunes fechou o bloco protagonizando críticas contra André, após também ter sido chamado de “inexpressivo” pelo parlamentar. O candidato do Psol utilizou ainda parte do seu tempo para falar sobre segurança pública. “Nós queremos uma mudança verdadeira na nossa cidade. Nós queremos fazer esse debate em torno da segurança pública de forma responsável”, salientou. 

SEGUNDO BLOCO

A pauta de segurança pública dominou o início do segundo trecho, quando José Sarto questionou a Evandro Leitão sobre a fuga do presídio de Itaitinga, dizendo que um dos fugitivos tinha “uma perna só”. “A segurança de Fortaleza está em colapso graças ao seu partido, o PT, que serve cafezinho para bandido”, completou o candidato à reeleição na réplica.

Leitão respondeu dizendo que não ia debater “segurança pública de forma irresponsável”. “Nós vamos criar pelotões da Guarda Municipal em todas as regionais. Através desses pelotões, vamos fazer o patrulhamento das paradas de ônibus, areninhas, trazendo mais segurança para a população.”

Na sequência, Wagner foi questionado por Evandro sobre propostas para gerar emprego e renda. “A gente precisa gerar oportunidades para a nossa juventude para diminuir esse fosso, que é a grande desigualdade social, que foi criada por esse grupo que está há 20 anos no poder”, respondeu Capitão.

No bloco, André Fernandes também utilizou seu tempo para falar sobre segurança pública. Ele disse que a Prefeitura usa seu aparato para “fechar” negócios que estão “fora dos padrões”, mas não utiliza a estrutura contra o crime organizado. “Eu criarei a ROMU, Ronda Ostensiva Municipal, com a Guarda Municipal, que perseguirá bandido, não cidadão de bem”, frisou.

George Lima utilizou parte do seu tempo para rebater falas que o chamaram de “garganta de aluguel”. “A campanha ainda tem muitos dias e vão ver que eu sou a ‘garganta da verdade’. Estou aqui representando um partido e o povo de Fortaleza, sem nenhuma amarra.”

Ao final do bloco, Técio Nunes falou sobre saúde e manifestou ideias para a área. “Precisamos zerar as filas, as filas precisam ser transparentes, porque é um absurdo o que acontece hoje nas filas, que isso fica na mão do cabo eleitoral. E precisamos acabar com os esquemas das OS [Organizações Sociais] que faturam milhões todo ano.”

TERCEIRO BLOCO

O início da terceira parte do debate foi marcado pelo embate entre André Fernandes e Evandro Leitão. O candidato do PL chamou o deputado estadual de “covarde” por ter se afastado da presidência do Ceará Sporting Club e por não ter votado para a criação da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI), na Assembleia Legislativa do Ceará (Alece), para investigar o narcotráfico no Estado, em 2018.

Evandro Leitão falou do “orgulho” pelos títulos à frente do Ceará e rebateu as críticas sobre o trabalho no Legislativo cearense. “Essa CPI foi criada com um único objetivo: desestabilizar a segurança pública do nosso Estado, criando um palanque eleitoral”, respondeu, chamando André de “desequilibrado”.

Na sequência, Capitão Wagner foi questionado sobre as propostas no âmbito da educação. Entre as ideias, o candidato disse que deseja criar 50 ‘cuquinhas’, com escolas abertas no final de semana. “O grande desafio do gestor da cidade de Fortaleza é gerar oportunidades para que os nossos jovens tenham sucesso na sua vida, foi com educação que eu transformei a minha vida.”

Já Técio Nunes e José Sarto protagonizaram o debate em torno das mudanças climáticas. “A nossa cidade não está preparada para esse novo momento de crise climática. Nós precisamos de uma cidade que trate o seu resíduo sólido orgânico, nós precisamos de alternativas também acerca da mobilidade, que combata a emissão de carbono”, disse o candidato do Psol. 

Já Sarto, defendeu os projetos que vêm sendo desenvolvidos na cidade. “Fortaleza tem a maior política pública de sustentabilidade das capitais brasileiras. (...) Nós estamos requalificando todos os parques urbanos”, disse o prefeito, citando espaços como o Rachel de Queiroz e o Rio Branco.

Por sua vez, George Lima falou sobre educação. “Educar é dar um encaminhamento, é chamar o adolescente para um projeto de vida. Saber o que ele quer da vida e acompanhar para entregar para o Ensino Médio, sabendo que ele vai virar um trabalhador e vai precisar do primeiro emprego”, enfatizou o candidato.

QUARTO BLOCO

Capitão Wagner e Evandro Leitão abriram o último bloco debatendo a taxa do lixo em Fortaleza. Os dois criticaram os pontos de lixo na cidade e prometeram acabar com o imposto. 

“A taxa do lixo, além de onerar o bolso do contribuinte, do cidadão que na compra da feira tem dificuldade, ainda deixou a cidade de Fortaleza imunda”, disse o candidato do União Brasil.

“Fortaleza tem 1.200 pontos de lixo. (...) A cidade continua suja. E infelizmente, o prefeito que abandonou a cidade, colocou mais esse ônus para você, fortalezense, para pagar e, infelizmente, nós não temos nenhum resultado”, afirmou o candidato do PT.

Na sequência, Sarto rebateu as críticas dizendo que a cidade não tem 1.200 pontos de lixo e sim, 900. Ele disse que considera o número elevado, mas prometeu acabar com todos eles. “O que eu criei em Fortaleza foi a maior taxa de isenção”, frisou o prefeito, alegando que o marco regulatório do saneamento básico “obriga” a implementação do tributo.

André Fernandes também falou sobre o âmbito da limpeza pública no último bloco, citando uma possível promessa de Sarto para acabar com os pontos de lixo. “Fortaleza continua cheia de lixo. O próprio candidato acabou de dizer que são aproximadamente mil pontos de lixo na cidade de Fortaleza”.

Já Técio Nunes voltou a falar sobre segurança pública. “A Prefeitura tem um papel muito importante nesse processo. Precisamos apostar em uma política cooperada, está na hora de o próximo prefeito chamar a responsabilidade para si e apresentar em um programa alternativo que pense em inteligência.”

George Lima aproveitou o tempo final para falar sobre as propostas na área de moradia. “Estou trabalhando várias ideias, como o bolsa aluguel. Já existe o aluguel social do governo federal, mas o bolsa aluguel seria em outro sentido, seria uma proposta público privada para um investimento. Ao longo de 35 anos a Prefeitura iria pagar isso aos investidores.”

A parte final do debate foi destinada às considerações finais dos candidatos.