O presidente Jair Bolsonaro cometeu um ato falho nesta quarta-feira (27) em cerimônia no Palácio do Planalto. Para criticar o ministro Luís Roberto Barroso, do Supremo Tribunal Federal (STF), disse que o Brasil tem um "chefe do Executivo que mente". No âmbito federal, ele mesmo é o chefe do Executivo.
"Mente o ministro Barroso quando diz que é sigiloso. Mente. Uma vergonha", disse o presidente sobre o inquérito - vazado por ele - da Polícia Federal que apurava suposta invasão de hackers a sistemas do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) durante as eleições de 2018. "Nas Forças Armadas, se um militar mente, acabou a carreira dele. ... Não tem prescrição para isso. Temos um chefe do Executivo que mente", acrescentou, sem perceber seu erro.
O evento em que foi feita a declaração foi chamada de "Ato cívico pela liberdade de expressão". Organizado pela Frente Parlamentar Evangélica e pela Frente Parlamentar da Segurança Pública, o ato ocorreu em apoio a Jair Bolsonaro e ao deputado federal Daniel Silveira (PTB-RJ), condenado à prisão e à perda de mandato e dos direito políticos por ataques antidemocráticos.
A Corte condenou Silveira a oito anos e nove meses de prisão por incitar agressões a ministros e atentar contra a democracia ao defender, em vídeos, o fechamento do Supremo. No dia seguinte à condenação, porém, Daniel Silveira recebeu de Jair Bolsonaro o perdão da pena. O presidente usou como manobra legal o artigo 734 do Código de Processo Penal, que prevê uma “graça presidencial”.