As tratativas envolvendo a Prefeitura de Limoeiro do Norte voltaram à estaca zero. Após reunião na sexta-feira (4), foi definido que o prefeito José Maria Lucena não mais se licenciará para dar lugar à vice Dilmara Amaral, com quem é rompido politicamente, durante tratamento de saúde. É o que afirma a própria Dilmara ao Diário do Nordeste.
O gestor não participou da conversa. Estiveram presentes, além da vice, a deputada estadual Juliana Lucena (PT), filha de José Maria, e alguns membros do governo municipal. A reportagem tentou contato com a Prefeitura e com a parlamentar, mas não houve resposta.
"Foi falado sobre a licença na semana passada, mas na sexta já foi colocada outra situação que não fosse a licença. Foi uma proposta complicada em que eu não assumiria a prefeitura, apenas voltaria a compor o grupo, porém sem uma licença (do prefeito)", afirmou Dilmara, destacando que não foi oferecida nenhuma contrapartida nessa hipótese.
José Maria é investigado pelo Ministério Público do Ceará (MPCE) por supostamente se ausentar de forma irregular da função durante meses para tratamento de saúde. Em situações de impossibilidade de gestão, o prefeito solicita afastamento à Câmara Municipal e passa o comando da administração para a vice.
"Estou à disposição para o diálogo, para o entendimento com todos os grupos, todos os vereadores, desde que seja dada entrada numa licença", completa Dilmara.
Imbróglio
Na última quarta-feira (2), o Diário do Nordeste noticiou um acordo em curso entre a gestão e Dilmara, que não chegou a ser anunciado oficialmente. Na ocasião, ela afirmou que foi comunicada por "pessoas que estão na gestão" que o afastamento de José Maria seria protocolado, mas não havia definição sobre data.
"Não tive contato com o prefeito, até porque a gente sabe da situação de debilidade da saúde dele", disse à época. A reportagem novamente tentou se comunicar com nomes ligados ao prefeito, mas, como tem ocorrido nos últimos meses, não obteve retorno.
O MPCE convocou José Maria Lucena para uma nova audiência – desta vez, presencial – por ser "público e notório o descaso do Chefe do Executivo Municipal com tal situação".
O promotor Felipe Carvalho de Aguiar, que assina o despacho, observa não ser possível detectar como é conduzida, hoje, a gestão, que funciona com "notória ausência física do prefeito no cotidiano" dos trabalhos.
O prefeito precisa se apresentar ao Ministério Público nesta terça-feira (8), às 14h. A gestão foi questionada se José Maria comparecerá à audiência, mas ainda não respondeu.