Presidente nacional interino do PDT, o deputado federal André Figueiredo convocou, nesta terça-feira (17), reunião da Executiva Nacional Ampliada do partido para discutir a crise interna por que passa o PDT Ceará. Também foram convocados todos os presidentes de seções estaduais da sigla — Figueiredo acumula o cargo de presidente estadual do PDT no Ceará.
A reunião ocorrerá no próximo dia 27 de outubro na Sede Nacional da Fundação Leonel Brizola, localizada no Rio de Janeiro. Também está na pauta a discussão sobre a conjuntura nacional e os dez meses de Carlos Lupi à frente do Ministério da Previdência Social — Lupi está licenciado do cargo de presidente nacional do partido.
O impasse vivido pelo PDT no Ceará já dura mais de um ano e se transformou em uma guerra judicial entre os aliados de Figueiredo — que também é apoiado pelo ex-prefeito Roberto Cláudio (PDT) e o ex-ministro Ciro Gomes (PDT) — e aqueles que defendem que o senador Cid Gomes (PDT) assuma a presidência estadual do partido.
Na última segunda-feira (16), logo após o diretório eleger Cid, em reunião extraordinária, para o comando da sigla, a liminar suspendeu os efeitos do edital de convocação do encontro e os efeitos da eleição. Nesta terça, o senador apresentou recurso contra a decisão, que alega ter sido tomada porque a magistrada Maria de Fátima Bezerra Facundo, da 28° Vara Cível de Fortaleza, foi "induzida ao erro".
Já Figueiredo, que prosseguiu no comando do PDT Ceará com a decisão judicial, comemorou a liminar. "A gente tem que celebrar acima de tudo a vitória da justiça. Da justiça de se reconhecer que não pode se turvar no arbítrio, na força, a direção de um partido de quem tem uma vida toda a ele", disse.
Impasse no PDT Ceará
Apesar da crise interna do PDT no Ceará se arrastar desde a campanha eleitoral de 2022, a nova escalada na tensão dentro do partido ocorreu após o diretório estadual, sob o comando de Cid Gomes, conceder, em agosto, carta de anuência para a desfiliação do presidente da Assembleia Legislativa do Ceará, Evandro Leitão.
A autorização foi contestada pela Executiva nacional, sob comando de Figueiredo, e judicializada tanto na esfera cível como na eleitoral.
Em setembro, reunião convocada por Cid Gomes contou com a presença de Figueiredo e aliados. Na ocasião, a inclusão da pauta sobre o apoio do PDT ao Governo Elmano de Freitas chegou a ser cogitada, mas acabou sendo retirada a pedido de Figueiredo. Apesar disso, houve bate-boca entre integrantes das duas alas do PDT e Figueiredo, junto a aliados, acabaram deixando a reunião antes do fim.
Três dias depois, no dia 29 de setembro, Figueiredo anunciou o retorno da licença e a deposição de Cid Gomes do comando do PDT Ceará. Na ocasião, os dois trocaram acusações sobre quebra de acordo. André Figueiredo afirmava que o senador havia descumprido partes dos acordos feitos para assumir a presidência do diretório estadual — citando a carta de anuência a Evandro Leitão e eventual discussão sobre apoio à gestão estadual.
Já Cid afirma que o único acordo feito foi que ele ficaria na presidência até dezembro e, na sequência, apoiaria Figueiredo na eleição para um novo mandato na Executiva estadual. O senador disse que quem descumpriu o acordo foi o deputado federal.
Em resposta, Cid e aliados convocaram uma reunião do diretório estadual para eleição de nova Executiva. Um dia antes da publicação da convocação, no entanto, Figueiredo inativou o diretório estadual e foi criada comissão provisória no lugar.
Na última terça-feira (10), tanto a Justiça cível como a eleitoral derrubaram o ato, restituíram os mandatos dos integrantes do diretório e desfizeram a comissão provisória. Com isso, a convocação para eleição nesta segunda foi restabelecida, mas acabou tendo os efeitos suspensos minutos após a eleição de Cid Gomes como presidente estadual.