Bolsonaro atua nos bastidores sobre rumos das eleições nas capitais

De olho na reeleição em 2022, o presidente conta com a articulação do presidente nacional do PTB, Roberto Jefferson, para influenciar a composição das alianças nas grandes cidades, enfraquecendo opositores ao Planalto

Escrito por Redação ,
Legenda: Jair Bolsonaro busca fortalecer sua base de apoio com o resultado das eleições municipais, a fim de se fortalecer para luta da reeleição em 2022
Foto: Agência Brasil

A atuação de Jair Bolsonaro nos rumos do jogo eleitoral de novembro já é percebida em algumas capitais, pelo menos de forma indireta. O principal objetivo do presidente é reforçar sua base de apoio de olho no plano de reeleição em 2022.

Em São Paulo, maior colégio eleitoral do País, o presidente nacional do PTB, Roberto Jefferson, desponta como peça-chave de Bolsonaro.

>Metade dos prefeitos das capitais tentará a reeleição

A sigla do delator do escândalo do mensalão, que desgastou o primeiro mandato do ex-presidente Lula (PT), indicou o advogado Marcos da Costa (PTB) como vice-candidato na chapa de Celso Russomanno (Republicanos), que tem o apoio da família Bolsonaro.

O papel de Jefferson não deve se limitar à batalha da capital paulista. O aliado de Bolsonaro fez, nesta semana, uma intervenção em diretórios municipais e chegou a anular as convenções nas cidades onde a sigla apoiaria candidatos de outras legendas, que fazem oposição ao Governo Federal.

O jornal paulista "O Estado de S. Paulo" divulgou, ontem, que teve acesso ao áudio de uma mensagem de WhatsApp atribuída a Jefferson que foi enviada a um correligionário de Presidente Prudente (interior paulista) com um recado ao empresário Feiz Abbud (PTB), que havia sido escolhido vice de Laércio Alcântara (DEM). "Partido de Rodrigo Maia e (Davi) Alcolumbre (ambos do DEM) não dá para o PTB. Não vamos apoiar partido que é inimigo do Bolsonaro", disse o dirigente.

Em seguida, Jefferson ameaça anular a convenção e completa: "Não aceitamos coligação com partidos do Foro de São Paulo, PSDB, DEM". Segundo a publicação paulista, foram registrados casos em São Bernardo do Campo, Osasco e Presidente Prudente, em São Paulo, Salvador (BA) e Fortaleza (CE).

Ceará

O PTB Nacional divulgou, ontem, no site do partido, resolução que proíbe alianças com "partidos de esquerda", dentro os quais estão, segundo a nota, DEM, PSDB, PT, Psol, PDT, PCdoB, REDE, PSB, PCB, PSTU e PCO. Fortaleza estaria na lista das proibições.

Procurado pela reportagem do Sistema Verdes Mares, o presidente estadual do PTB, Arnon Bezerra, disse que não recebeu orientações e as alianças seguem como estão.

Em Fortaleza, o PTB compõe a coligação do candidato Sarto Nogueira (PDT).

Em Salvador, a sigla de Jefferson apoiaria Bruno Reis, também do DEM. Nas cidades paulistas de São Bernardo do Campo e de Osasco, o PTB havia indicado os candidatos a vice de Luiz Marinho e Emídio Souza, ambos do PT.

São Paulo

Segundo a imprensa paulista, Jefferson atuou para tirar da disputa Marcos da Costa, ex-presidente da OAB-SP, indicando como candidato a vice de Russomanno.

A articulação nesse caso passou pelo próprio Bolsonaro, que teria telefonado para o presidente estadual do PTB, Campos Machado, pouco antes do início da convenção do partido em São Paulo.

No Estado, o objetivo de Bolsonaro e Jefferson é ter uma candidatura forte para se opor a eventuais adversários em 2022, como o governador João Doria (PSDB), que aposta na reeleição do prefeito tucano Bruno Covas.

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