Após encarar uma segunda disputa com Moroni Torgan em Fortaleza, Luizianne Lins foi eleita para o seu primeiro mandato FOTO: ALCIDES FREIRE
A última vez que a cidade de Fortaleza vivenciou um segundo turno, em eleições municipais, foi no ano de 2004, quando a atual prefeita da Capital, Luizianne Lins (PT), foi eleita, após encarar uma disputa com Moroni Torgan (DEM), que à época era filiado ao extinto PFL. Dos dez pleiteantes que concorrem ao pleito deste ano, três foram candidatos em 2004. Além de Moroni, também disputavam o cargo Heitor Férrer (PDT) e Inácio Arruda (PCdoB).
O número de prefeituráveis naquele ano foi superior ao registrado em 2012. Onze candidatos concorreram no pleito, sendo eles, além dos já citados, Aloísio Carvalho (PMDB), Antônio Cambraia (PSDB), José Abreu Vidal (PCO), Francisco Caminha (PHS), Nielson Guimarães (PSC), Marcelo Silva (PV) e Valdir Alves (PSTU).
A coligação que apoiava Luizianne era formada apenas por PT e PSB, enquanto o PFL, o extinto PAN e o PTC apostavam em Moroni. Cambraia e Inácio apresentavam as maiores coligações, cada uma com seis partidos. O primeiro era apoiado por PP, PTB, PSL, PSDC, PRP e PSDB. Já o comunista tinha como aliados PCB, PL, PPS, PMN, PRONA e PCdoB. Aloísio Carvalho, apadrinhado pelo então prefeito Juraci Magalhães, era apoiado por PMDB, PTN e PRTB.
O cenário daquela eleição assemelha-se, em parte, ao que ocorreu neste ano, pois, na primeira pesquisa realizada pelo Ibope, Luizianne registrava apenas 6% das intenções de voto, ficando atrás de Inácio (34%), Moroni (26%) e Cambraia(15%). Mas, ao chegar na véspera da votação, havia subido significativamente, embora não liderasse o ranking.
Iniciando com apenas 4% e 8%, respectivamente, Elmano de Freitas (PT) e Roberto Cláudio (PSB) estão no topo da preferência, de acordo com última pesquisa do Ibope, onde o petista aparece com 23%, e o candidato do PSB com 25%.
Financiamento
Entretanto, o que diferencia o cenário de 2004 do atual é o fato de o diretório nacional do PT, inclusive o ex-presidente Lula, não ter apoiado a candidatura de Luizianne, em favor de Inácio. Neste ano, porém, Lula marcou presença significativa na campanha de rádio e TV de Elmano de Freitas desde o início da propaganda, e Roberto Cláudio também agrega atenção e financiamento dos diretórios nacional e estadual do PSB, o que tornou sua candidatura viável desde o princípio da campanha.
No primeiro turno de 2004, a liderança majoritária durante o pleito foi do tucano Cambraia, apoiado por Tasso Jereissati, do mesmo partido, e Lúcio Alcântara, que hoje está no PR e integra coligação majoritária com o PT para tentar eleger Elmano de Freitas. Cambraia se fortaleceu com as quedas de intenção de voto dos candidatos Inácio e Moroni, que iniciaram liderando a disputa. Pressionada pelo PT nacional a renunciar, Luizianne Lins oscilava sempre com pontuações abaixo de 10%. Os demais candidatos obtinham baixas intenções de voto.
Na última pesquisa Ibope antes do primeiro turno, Luizianne tinha 18% das intenções de voto contra 27% de Moroni, que era seguido por Cambraia e Inácio. Considerada a "zebra" da eleição pelo diretório nacional do PT, Luizianne passou para o segundo turno com 22% dos votos válidos, juntamente com Moroni, que obteve 26%. Inácio chegou a 19% e Antônio Cambraia, 18%. Aloísio Carvalho obteve 7% dos votos válidos, Heitor Férrer, 3%, Nielson Guimarães, 1%, e os demais não chegaram a 1%.
Apoio
No segundo turno, a situação de Luizianne Lins mudou, porque ela passou a contar com o apoio do diretório estadual e nacional do seu partido, além de outras legendas, como o PCdoB de Inácio Arruda, o PDT de Heitor Férrer e o PPS, do qual Patrícia Saboya era dirigente à época, chegando a declarar apoio direto à petista. Entretanto, na eleição seguinte, em 2008, Saboya, já no PDT, lançou candidatura para disputar a prefeitura com Luizianne e dividiu dirigentes do PSB, já que o ex-marido Ciro Gomes apoiou o seu nome, mas o governador Cid Gomes manteve-se ao lado de Luizianne.
Com maior base de aliados no segundo turno, Luizianne começou a liderar, já desde a primeira pesquisa eleitoral, as intenções de voto na Capital. No primeiro levantamento realizado pelo Ibope, no dia 16 de outubro de 2004, a candidata do PT apresentava 53% de aceitação em Fortaleza contra 40% de Moroni.
A pesquisa Datafolha, divulgada na mesma semana, praticamente não alterava o cenário. Luizianne aparecia com 51% e Moroni com 39%. Na migração de votos, segundo a referida pesquisa, a petista recebia a maior parte dos votos de Inácio e de Aloísio Carvalho. Já Cambraia transferia votos tanto para Luizianne como para Moroni.
A candidata Luizianne, no primeiro turno, obteve, em 2004, 56,2% dos votos válidos, e Moroni Torgan conseguiu 43,7%.