Um levantamento da Controladoria Geral da União está analisando possíveis irregularidades na aplicação das vacinas contra a Covid-19 no Ceará. As suspeitas, que ainda podem ser alvo de investigação, apontam, por exemplo, supostas aplicações em pessoas que já seriam falecidas, outras que teriam recebido até três doses e até mesmo casos de fura-fila da imunização.
A CGU fez um cruzamento de dados que aponta supostas irregularidades na imunização em municípios cearenses. O Ministério Público recebeu as informações para análise, mas ainda não dá detalhes sobre o assunto.
Em nota, o MPCE diz que as investigações estão a cargo de cada Promotoria em cada município. Neste momento, no entanto, o órgão "não irá compartilhar detalhes" para não atrapalhar as investigações, que ainda estão no início.
De acordo com o levantamento da CGU, 21 pessoas falecidas aparecem na lista de vacinados do Sistema Único de Saúde (SUS), em 17 municípios cearenses, e outras 1.290 pessoas teriam recebido uma terceira dose. Mais de 100 políticos cearenses, entre vereadores, prefeitos e deputados, também estão na suspeita da investigação.
A CGU no Ceará fez um cruzamento de dados em três "trilhas", com base em informações do SUS, do Sistema de Informações do Programa Nacional de Imunizações (SIPNI), da Relação Anual de Informações Sociais (Rais) e do Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM). Os bancos de dados pertencem ao Governo Federal, que tem adquirido as vacinas utilizadas nos estados e municípios até agora.
O superintendente da CGU no Ceará, Giovani Pacelli, explica que outras pessoas podem ter usado os dados dos falecidos de forma indevida.
"O mais provável é que alguém de dentro do posto de saúde, que tenha acesso aos dados, tenha usado o cartão (do SUS) para vacinar outra pessoa. Na planilha, tem a hora em que aplicaram a vacina, o posto de saúde, e aí se tem condições de saber quem estava no posto, a escala (de trabalho)", detalha o superintendente da CGU no Ceará.
Próximos passos
O superintendente da CGU no Ceará diz que o próximo passo, agora, é a apuração do Ministério Público do Estado e que qualquer eventual responsabilização ou punição aos suspeitos caberá ao órgão estadual.