Revista divulga áudio com Fábio Wajngarten dizendo que houve 'incompetência' no Ministério da Saúde

O ex-secretário disse na CPI que não classificara a conduta da pasta como incompetente, como foi publicado na entrevista

O ex-secretário de Comunicação Social da Presidência Fábio Wajngarten, que presta depoimento na CPI da Covid-19 nesta quarta-feira (12), disse que não classificou como incompetente a conduta do Ministério da Saúde nas negociações com a Pfizer, como afirmou em uma entrevista concedida à revista Veja em abril. 

No entanto, a afirmação dele foi desmentida pela publicação, que divulgou nesta tarde o áudio original da entrevista com Wajngarten. Na gravação, o ex-secretário é questionado se havia incompetência ou negligência do governo, em especial do MS, diante do processo de compra da vacina da Pfizer. Wajngarten então responde:  

 "Incompetência, incompetência. Quando você tem um laboratório americano [Pfizer] com cinco escritórios de advocacia apoiando na negociação e você tem, do outro lado, um time pequeno, tímido, sem experiência, é 7 a 1", disse ao jornalista.  

A entrevista concedida à Veja, no final de abril, motivou a convocação do publicitário à comissão. Os senadores, ao decorrer da oitiva desta quarta-feira, citaram as declarações dadas por Wajngarten à publicação em diversas perguntas e, em algumas ocasiões, receberam respostar diferentes das concedidas pelo ex-secretário à revista.  

Por conta da disparidade, o relator da CPI Renan Calheiros (MDB-SE) disse que vai solicitar o áudio completo da entrevista concedida por Wajngarten à Veja e ameaçou o depoente de prisão, caso as respostas dadas à publicação difiram das ditas na CPI.  

Em seguida, o senador Marcos Rogério (DEM-RO) disse que o relator estava ameaçando o depoente e afirmou que a prisão não seria possível, pois não seria em flagrante. 

"Em nenhum momento menti em relação ao que foi divulgado pela Revista Veja. Em nenhum momento chamei o general Pazuello de incompetente", afirmou Wajngarten ao testemunhar na CPI.  

Carta da Pfizer  

Ainda na CPI, o ex-secretário confirmou a existência de uma carta da farmacêutica Pfizer enviada ao Governo Federal, em 12 de setembro, com objetivo de negociar uma parceria para a compra do imunizante contra a Covid-19 desenvolvido pela empresa norte-americana.   

Segundo Wajngarten, a mensagem só foi respondida por ele em 9 de novembro, dois meses depois.  

"[...] A carta foi enviada 12 de setembro. O dono do veículo de comunicação me avisa em 9 de novembro que a carta não havia sido respondida. Nesse momento, eu mando um e-mail ao presidente da Pfizer, que consta nessa carta. Eu respondi essa carta no dia em que recebi, 15 minutos depois, [...] o presidente da Pfizer do Brasil, o Sr. Carlos Murillo, que virá aqui [CPI] amanhã, me liga: 'Fábio, muito obrigado pelo seu retorno', no dia 9 de novembro, e foi o primeiro contato com ele", relatou o ex-secretário à comissão do Senado Federal.   

Wajngarten disse que não estava entre os destinatários originais do documento, mas que buscou contato com a empresa ao saber da oferta. Uma cópia da mensagem na íntegra foi entregue pelo depoente à CPI.

A carta foi endereçada a nomes como o do presidente da República Jair Bolsonaro, do vice Hamilto Mourão, do ministro de Estado da Casa Civil Walter Braga Netto, e do então titular do Ministério da Saúde, Eduardo Pazuello, entre outros.