Em manobra, maioria dos senadores decide por voto aberto em eleição na Casa

A condução da presidência da Casa por Alcolumbre foi contestada por vários senadores

Em manobra de última hora, senadores decidiram que a eleição para o comando da Casa será feita em votação aberta. A escolha do novo presidente do Senado será feita ainda nesta sexta-feira (1º). Houve tumulto e bate-boca durante a sessão quando a senadora Katia Abreu (MDB-TO) tentou impedir a votação aberta.

Katia Abreu tirou da Mesa a pasta com o roteiro de condução da sessão. "Por favor, me devolva a pasta, senadora", pediu Alcolumbre. "Não devolvo. Vem tomar. Você não pode estar aí", respondeu a senadora.

O motivo da confusão: Alcolumbre, que deve disputar a presidência da Casa, assumiu a presidência e colocou em votação a proposta para que a eleição da Mesa Diretora seja aberta. Ele comanda a sessão  porque é remanescente da Mesa Diretora passada. O MDB queria ver na presidência da sessão o senador mais idoso, José Maranhão (MDB-PB). Os aliados de Calheiros, escolhido pelo MDB para disputar o cargo de presidente, argumentam que Alcolumbre não tem isenção para comendar a reunião.

A decisão foi articulada por opositores do senador Renan Calheiros (MDB-AL), que é candidato. A estratégia é fazer com que o emedebista perca votos por conta da exposição pública que será dada aos senadores que votarem nele.

A sessão foi presidida pelo senador Davi Alcolumbre (DEM-AP), que concorre com Renan Calheiros pelo comando da Casa. Em resposta a questões de ordem que pediam o voto aberto, ele opinou favoravelmente aos requerimentos, mas delegou a decisão ao plenário. O resultado foi de 50 votos pelo registro aberto e 2 pelo secreto.

O voto aberto contraria o regimento interno do Senado. O regimento da Casa é claro ao definir, em seu artigo 60, que a eleição se dará em "escrutínio secreto", como sempre ocorreu.

Como presidente interino da Casa, por ser o único membro da Mesa Diretora que manteve o cargo, Alcolumbre se movimentou desde o início do dia para viabilizar sua candidatura.

Após a publicação de norma pelo então secretário-geral da Mesa, Luiz Fernando Bandeira de Melo, que impediria que candidatos presidissem a sessão de eleição, Alcolumbre revogou a norma. Depois, assinou a dispensa do secretário.

Durante a sessão, Renan chegou a interromper o discurso do senador Rodrigo Pacheco (DEM-MG) -que é favorável ao voto aberto-, para lembrar episódio em que Tancredo Neves chamou de "canalha, canalha" o senador Auro de Moura Andrade, que no golpe militar de abril de 1964 havia declarado vaga a Presidência da República.

"Canalha! Canalha!", repetiu Renan, em tom exaltado, em direção à Mesa do Senado, presidida por Alcolumbre.