Agora é oficial. Depois que o povo do Cariri conduziu e levantou o pau da bandeira de Santo Antônio, neste domingo, em Barbalha, declara-se aberta a temporada junina do Nordeste brasileiro — a maior festa de rua e de salão do planeta Terra.
O tronco de 23 metros do Pau-D´óia, com 2,5 toneladas, foi retirado sob coordenação do Ibama, com imediato reflorestamento da área. O rala-bucho é aquecido como o caritó das solteironas do elenco de Socorro Luna, mas nunca esquece o zelo com o meio-ambiente.
Está aberta oficialmente a temporada dos festejos juninos. Uma queixa justa, porém, já foi renovada no juízo de quem esquece o sanfoneiro — o artista que deveria ser a principal atração da farra. Hoje e sempre.
No ano passado, depois de ter o show diminuído para aumentar o tempo de palco de Gusttavo Lima, Flávio José (genial e eterno caboclo sonhador) fez um belo desabafo sobre o desprezo das prefeituras pela cultura do pé-de-serra, o forró original que praticamente criou a ideia da festa de São João no Nordeste.
A política de privilegiar os astros pops do “sertanejo” tem motivado esses importantes protestos. Logo no 1º de junho, o sanfoneiro Gennaro, ex-integrante do Trio Nordestino, um dos maiores do gênero no país, postou nas redes sociais o seu “ronco de fole” sobre o mesmo tema:
“Meu show não é caro, mas é sempre uma luta, e quando a coisa tá complicada, às vezes prefiro ficar na minha rede tocando pra minha neta. Mas, só se dá valor pros artistas depois que eles já viraram estrelinha no céu”.
É doloroso ver artistas desse porte, fogueira atrás de fogueira, na peleja por espaço em sua própria terra. Nenhum deles, nem Flávio José e muito menos Gennaro, gritam pelo veto a estrelas do mercado sertanejo etc. Eles — e qualquer nordestino de juízo aprumado — apenas lutam para que a sanfona de Luiz Gonzaga continue a roncar.
Senhor prefeito, o forró do Nordeste vem aqui, diante de vossa Excelência, apenas pedir respeito! É pedir muito?