A Copa do Mundo de 1966, na Inglaterra, vencida pela anfitriã, foi acusada de fazer muito mal ao futebol.
A competição trouxe como tendência um tal de “futebol força”, apoiado mais no esforço físico e na rispidez da disputa do que no jogo como espetáculo estilístico.
Nos pareceu paradoxal que, no Clássico cearense na Bahia, vencido pelo Ceará por 1 X 0, alvinegros e tricolores tenham usado mais massa muscular em desfavor da massa cinzenta.
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Força, aliada à correria permanente, uma receita adequada para o atletismo.
Afinal, o condicionamento físico não seria o forte das equipes à esta altura dos acontecimentos.
Há quem diga que o poder não é razão nem lei. É força. E, com essa ideia, Ceará e Fortaleza foram a campo na Boa Terra.
Jogo truncado, às vezes, violento e com imperfeições em passes e raros lançamentos.
Dessa forma, o gol só poderia surgir de uma jogada individual, numa disputa sem espaço, ou no que denominam de bola parada.
Vina cobrou uma falta na área tricolor e Klaus, mal marcado, guardou na moldura de Felipe Alves, fazendo 1 X 0, placar que perdurou até o final do jogo.
Do caldeirão das poções mágicas, Rogério Ceni escalou o Fortaleza sem o camisa nove de referência, optando pelos deslocamentos de David, pelo meio, além de tentar um quadrado, com dois volantes e dois meias – Mariano Vasques e Marlon. Juro que não deu para entender.
O Ceará exigiu o sofrimento dos dois atacantes, Cléber e Rick, na tarefa de ajudar na marcação e foi pouco produtivo no ataque. Aliás, quando estiveram no ataque, os dois times, diante da selva de pernas em severa marcação, trabalharam em espaços reduzidos a dez metros para manobras.
Na segunda etapa, o alvinegro concedeu o espaço de sua intermediária para o tricolor ter um pouco mais de posse de bola. Isso lhe permitiu chegar com possibilidade de gol, com Yuri e Wellington Paulista, enquanto o Ceará desfrutou, através de Lima, de uma chance jogada nas nuvens.
Não me venham com explicações táticas, ou alterações de comportamento, com as modificações de lado a lado. Isso seria mentir para lançar uma opinião de “entendido”, num clássico que não foi jogado com a cabeça. Foi só força.
O Ceará está na disputa da final da Copa do Nordeste e Klaus jogou muita bola, ao lado de Tiago, outro destaque do jogo.