É 'inconciliável' o PT entregar a cabeça de chapa para o seu oponente, diz petista sobre PDT

José Airton tenta levantar o debate da candidatura própria do partido para governador

A tentativa de Cid Gomes (PDT) manter a estranha aliança entre PT e PDT no Ceará, enquanto os dois partidos têm pré-candidaturas presidenciais para as eleições de outubro, causou reação do deputado federal José Airton, que trabalha para ser o candidato do PT à sucessão de Camilo Santana.

"É inconciliável o PT abrir mão de candidatura para entregar a cabeça de chapa para o seu oponente. Isso é inusitado, e acho muito difícil essa concilição de unir palanque em projetos distintos", pontuou o parlamentar.

Ciro Gomes (PDT), que foi oficializado pelo partido como pré-candidato à presidência na sexta-feira (21), tem adotado um discurso duro contra o ex-presidente Lula. No Ceará, dirigentes tentam colocar panos quentes nas críticas públicas e divergências políticas no campo nacional.

Candidato derrotado ao governo estadual em 2002, no segundo turno contra o então tucano Lúcio Alcântara, José Airton ainda admite apoiar a aliança entre os dois partidos, desde que o PT não abra mão do protagonismo.

A aliança pode ser mantida aqui desde que o PT seja o protagonista, ou seja, o PT encabeçando a chapa porque a nossa centralidade é a eleição presidencial do Lula, e, como o Ciro é candidato, a minha compreensão é que não é possível
José Airton (PT)
Deputado federal

Debate

O Partido dos Trabalhadores inicia no próximo dia 29 uma série de debates internos para tomar as decisões para as eleições que se aproximam. 

A expectativa de José Airton é que a instância nacional dê a palavra final sobre o palanque petista no Ceará ao fim dos debates. Atualmente, o deputado federal José Guimarães e o governador Camilo Santana têm a maioria das correntes petistas para manter a aliança com o PDT, apesar de encontrar resistências na Capital.

Idealista da candidatura própria do partido, a deputada federal Luizianne Lins disse à coluna que continua defendendo um palanque "forte e leal" no Ceará para garantir a eleição do ex-presidente.

O entendimento, no entanto, é que qualquer que seja a decisão partidária os filiados acatarão. "A posição que o partido tomar nós vamos acatar porque entendemos que o PT debate, discute, diverge, mas a decisão partidária é democrática e tem que ser acatada por todos os filiados", conclui o deputado José Airton.