O senador Cid Gomes não cansa de dizer que a decisão de qual partido se filiará quando deixar o PDT virá da solução encontrada pelo grupo de aliados que inclui deputados estaduais, federais e prefeitos cearenses. Ao todo, as lideranças com mandato se aproximam de 60 pessoas. Número expressivo que deixa qualquer agremiação competitiva.
Em entrevista à Live PontoPoder, o presidente do PSB Ceará, Eudoro Santana, disse acreditar que o grupo irá para onde Cid Gomes for. E, é claro, tentará levar o ex-governador para as fileiras solicialistas.
Nos últimos dias, porém, é um convite de filiação do PT que tem movimentado as manchetes de jornais. Declaração do ministro da Educação, Camilo Santana, de que o presidente Lula teria encaminhado a gentileza foi alvo de especulação por todos os lados.
Logo houve resistências, como fez questão de deixar pública o líder do governo Lula na Câmara, deputado federal José Guimarães (PT). À coluna, o parlamentar declarou que "o PT não é uma porteira aberta para entrar quem quer não". A preocupação não era apenas da entrada de Cid à sigla, e sim de um grupo todo.
Nessa semana, porém, uma declaração da deputada estadual Lia Gomes (PDT) deixou o debate da possibilidade de ida dos futuro ex-pedetistas ao PT ainda mais pragmático: o interesse dos prefeitos nisso.
Levantamento feito pela coluna para o leitor do Diário do Nordeste aponta que houve disputa entre PT e PDT nas eleições municipais de 2020 em pelo menos 24 prefeituras quando os partidos se lançaram como cabeças de chapa. O confronto ocorreu mesmo em um cenário de aliança em âmbito nacional nessa época entre as duas legendas.
Veja confrontos de 2020 no Ceará
- José Sarto (PDT) x Luizianne Lins (PT) - Fortaleza
- Zé de Lima (PDT) x Lindomar Monteiro (PT) - Cascavel
- Dra Silvana (PDT) x Eurivan de Paula (PT) - Icapuí
- Assis do Oásis (PDT) x Dinho do Zé do Honório (PT) - Palhano
- Sávio Gurgel (PDT) x Nathizael (PT) - Russas
- Cirilo Pimenta (PDT) x Pedro Coelho (PT) - Quixeramobim
- Maurício Pinheiro (PDT) x Teixeira (PT) - Senador Pompeu
- Taiano (PDT) x Cícero Palácio (PT) - Tarrafas
- Fonteles (PDT) x Herton (PT) - Meruoca
- Marcondes (PDT) x José Fernandes (PT) - Saboeiro
- Zé Maria (PDT) x Kêba Rafael (PT) - Senador Sá
- Doutor Luciano Girão (PDT) x Wanderley Nogueira (PT) - Morada Nova
- Dr. Luiz (PDT) x Dr. Alexandre (PT) - Ararendá
- João Bosco (PDT) x Ilanna Cirilo (PT) - Pentecoste
- Professor Bernardo (PDT) x Alailson Saldanha (PT) - Barreira
- Kesia (PDT) x Dariomar (PT) - Altaneira
- Ravenna (PDT) x Joana do Sindicato (PT) - Catunda
- Dr. Renato Célio (PDT) x Jarilson (PT) - Pacatuba
- Gislaine Landim (PDT) x Eusébio Ferreira (PT) - Brejo Santo
- Roberto da Viúva (PDT) x Ana Teresa (PT) - Jaguaruana
- Zé Humberto (PDT) x Kacilda Alencar (PT) - Baixio
- Roger Aguiar (PDT) x Marcos Chaves (PT) - Marco
- Dimitri (PDT) x Dr. Brito (PT) - Paraipaba
- Clea Luz (PDT) x Junior Coutinho (PT) - Jardim
Prefeituras são entrave
Em entrevista à Live PontoPoder, nessa quinta-feira (23), o presidente do PT Ceará, Antônio Filho, o Conin, deixou esse cenário ainda mais claro. A suposta ida de Cid às fileiras petistas encontra entraves regionais muito mais complicados do que se imagina. Há disputas históricas em cidades que impedem essa aproximação.
"Talvez aí resida a maior dificuldade do Cid se filiar ao PT. Nós não temos como acomodar todo esse grupo no PT. São 43 prefeitos, 15 deputados... Isso tem repercussão em situações locais, regionais. Em algumas situações a gente tem alinhamento, em outras a gente tem contencioso político dessas lideranças que estão no grupo do senador. Essa não é uma equação simples", explicou.
Uma situação é a ida isolada de Cid ao partido, outra é o grupo inteiro. Como o ex-governador adiantou que vai com todo mundo junto, as possibilidades de entrar nas fileiras petistas é quase nula.
"Lá no município acomodar essas lideranças no mesmo partido é praticamente impossível. Um entra e o outro (já petista) sai. É essa situação que ao meu ver torna muito complicado acomodar o grupo inteiro no PT. Acho que não tem como", conclui Conin.
Entrevista com Conin