O Ceará vem apostando na renovação da matriz industrial nos últimos anos, seja por incentivo dos entes públicos ou por iniciativas do próprio setor privado. Esse trabalho de atualização rendeu ao Estado a 11ª posição do País no ranking de entes federados destaques em inovação, e a 2ª no Nordeste.
O resultado é apontado pelo Índice Fiec de Inovação dos Estados 2022, elaborado pelo Observatório da Indústria da Federação das Indústrias do Estado do Ceará (Fiec) e divulgado em primeira mão pelo Sistema Verdes Mares nesta quinta-feira (8).
O levantamento tem como propósito identificar os principais pontos relacionados à Inovação, bem como mensurar o patamar em que os estados brasileiros se encontram. Para isso, o Índice mensura aspectos variados do processo de inovação em periodicidade anual, sendo calculado através de dois índices – capacidades e resultados – que avaliam o ambiente inovador e medições da inovação em si, respectivamente.
O Índice de Capacidades captura elementos como investimento público em Ciência e Tecnologia, capital humano, inserção de mestres e doutores, instituições, infraestrutura e cooperação. Já o Índice de Resultados avalia aspectos como competitividade global, intensidade tecnológica, propriedade intelectual, produção científica e empreendedorismo inovador.
O Ceará ficou com indicador 0,228 no Índice de Inovação, que o conferiu a 2ª posição mais alta do Nordeste, atrás apenas de Pernambuco (0,255) e a 11º do Brasil. Em capacidades, o Estado alcançou resultado de 0,265, sendo o melhor patamar da Região e o 9º do País.
Já em resultados, a indústria cearense registrou indicador de 0,191, também o 2º do Nordeste e a 12º do Brasil. A posição inferior na dimensão Resultados, em comparação à de Capacidades, indica que o Ceará um potencial inovador subaproveitado.
Desempenho de destaque
A especialista de Inteligência Competitiva da Fiec, Eduarda Mendonça, explica que o indicador varia de 0 a 1 e que, quanto mais alto, melhor é o desempenho. Sem parâmetros fixos que determinem quais valores são considerados bons, mediados ou ruins, ela esclarece que a base é a comparação com o primeiro lugar do ranking, resultado que é assumido como o "máximo que pode ser atingido".
No índice geral, São Paulo foi o ente federado com o melhor desempenho, atingindo pontuação de 0,859. Na ponta oposta, Tocantins obteve o pior resultado (0,068) do País.
Apesar da distância do índice do Ceará (0,228) para o de São Paulo (0,859), Mendonça esclarece que o resultado não pode ser considerado negativo. Isso porque o Estado ainda figura na 11ª posição do País, ou seja, na metade que apresenta os melhores resultados.
O fato de estar acima da posição mediana já faz o Ceará estar em uma posição razoavelmente boa. E a 2ª colocação do Nordeste também é um destaque, significa que somos um polo de inovação no Nordeste"
Confira o ranking do Índice de Inovação:
- São Paulo 0,859
- Rio de Janeiro 0,469
- Rio Grande do Sul 0,451
- Santa Catarina 0,438
- Paraná 0,395
- Minas Gerais 0,354
- Distrito Federal 0,283
- Pernambuco 0,255
- Espírito Santo 0,254
- Amazonas 0,253
- Ceará 0,228
- Bahia 0,210
- Goiás 0,204
- Rio Grande do Norte 0,191
- Sergipe 0,191
- Paraíba 0,175
- Mato Grosso do Sul 0,165
- Mato Grosso 0,153
- Rondônia 0,150
- Pará 0,138
- Roraima 0,119
- Maranhão 0,119
- Acre 0,112
- Alagoas 0,104
- Piauí 0,104
- Amapá 0,089
- Tocantins 0,068
O posicionamento do Ceará no ranking se manteve estável entre 2021 e 2022. Apesar da aparente estagnação, Mendonça destaca que o índice de capacidades do Estado, que mede o potencial de inovação, permaneceu estável (9º do País), enquanto o de resultados obteve um avanço de três posições (de 15º para 12º do Brasil).
Isso significa que a gente vem mantendo um bom desempenho. Tivemos melhora no índice de resultados e nos mantivemos igual em capacidade. Ou seja, o lado do ambiente inovador continua o mesmo, mas os produtos gerados pela inovação estão melhores"
Apesar do cenário promissor, a especialista pontua que algumas variáveis consideradas no indicador registraram piora na passagem de 2021 para 2022. No âmbito da capacidade, uma delas foi o investimento público em ciência e tecnologia. Essa redução nos valores aportados pode ser explicada, no entanto, pela concentração do orçamento na esfera da saúde exigida pelo enfrentamento da pandemia.
Outro aspecto que apresentou piora foi a capacidade jurídica das empresas em lidar com uma grande quantidade de processos. Mesmo assim, Mendonça ressalta que a diferença não é considerada substancial.
Já na aba dos resultados, os destaques foram as melhoras da intensidade tecnológica, que significa aumentar a quantidade de pessoas empregadas no desenvolvimento de tecnologia, e do empreendedorismo, que indica uma boa recepção das startups no Estado.