Em visita ao Ceará nesta sexta (13), o presidente Jair Bolsonaro dá prosseguimento a uma jornada para crescer no Nordeste, região em que, de acordo com as mais recentes pesquisas, sua popularidade derrete em compasso acelerado.
O colossal esforço fiscal empregado na criação do novo Bolsa Família, o Auxílio Brasil, não só mostra que o Governo está disposto a abrir mão do rigor com as contas públicas para revigorar a imagem presidencial, como deixa claro que o programa deve ser a grande cartada para a campanha de 2022.
E, neste intento, o Nordeste é estratégico para Bolsonaro, em especial caso a eleição fique mesmo entre ele e o ex-presidente Lula.
Foram sagazes as jogadas de rebatizar o Bolsa Família, tão identificado com gestões petistas e outrora criticado pelo próprio Bolsonaro, e turbinar os valores, às vésperas do ano eleitoral. Isso pode tirar de Lula parte do arsenal sobre os feitos petistas no campo do assistencialismo.
Trunfos e gargalos
Para ser competitivo, o mandatário precisará de maior penetração nos estados nordestinos, por isso a aposta no Auxílio Brasil, e nas obras hídricas sobre as quais ele tenta capitalizar mérito, como a Transposição do Rio São Francisco.
Enquanto retira temas estéreis dos porões empoeirados de onde nunca deveriam ter saído, como fizera com o voto impresso, Bolsonaro deverá apelar para medidas populistas, algumas das quais utilizadas no passado pelo rival petista, e seguirá apostando no confronto, na criação de dicotomias perfeitas.
Já sob a angulação da economia, o presidente encontrará um sem fim de obstáculos, mesmo com o novo Bolsa Família, que será inegavelmente um trunfo poderoso.
A população vem sentindo na pele o aumento do custo de vida e o enfraquecimento do poder de compra. No Nordeste, onde a renda é menor, isto se faz ainda mais pronunciado.
Por mais que a origem destes problemas não esteja inteiramente relacionada à atuação do Governo Federal, o imaginário popular naturalmente faz esta correlação e, para Bolsonaro, é difícil se desviar destes abacaxis.
Como normalmente faz com pautas negativas, ele tenta imputar a alta de preços a governadores e prefeitos, mas o discurso não encontra plausibilidade.
Gasolina, carne, arroz, feijão e um conjunto de outros itens e serviços do dia a dia estão para lá de caros em todo o País. Esta inflação sufocante vai pesar contra o presidente na corrida eleitoral.