Tom Barros

Registros marcantes

O ano está terminando. A torcida brasileira não tem boas lembranças para guardar. Prefiro não derramar lágrimas pelos fracassos nacionais. Opto por aplaudir o mérito de quem aqui chegou e fez a festa da Copa do Mundo 2014, ou seja, a Alemanha de Neuer, Lahm, Boateng, Hummels, Mertesacker, Howedes, Schweinsteiger, Khedira, Draxler, Muller, Kroos, Ozil, Klose, Schurrle... Assim como em 1958 no Estádio Råsunda em Estocolmo os suecos humildemente reconheceram e aplaudiram o Brasil campeão do mundo, coube aos brasileiros a humildade de aplaudir e reconhecer a superioridade da seleção alemã nesta Copa 2014. Registros incontestáveis e marcantes do talento, disciplina, preparo físico e competência dos germânicos.

Festa inesquecível

Apoteótica comemoração em Berlim. A partir da esquerda: Bastian Schweinsteiger, Per Mertesacker, Manuel Neuer, Kevin Grosskreutz e Lukas Podolski fazem saudação ao público, mostrando o troféu do título. Observem que Schweinsteiger faz com os dedos referência ao tetracampeonato. A festa, que teria por cenário o Rio de Janeiro, acabou sendo feita, com propriedade e justiça, no Portão de Brandenburgo.

Ainda bem

A vitória da Alemanha sobre a Argentina na final da Copa livrou de uma nova humilhação os brasileiros. Teria sido cruel ver o time de Messi ganhar a Copa em pleno Maracanã, feito que a Seleção Brasileira não conseguiu nem agora nem em 1950. Gozação argentina sobre os brasileiros estaria eternizada como a própria goleada sofrida diante da Alemanha.

Perdão tardio

A vergonha passada pelo Brasil na derrota para os alemães (7 a 1 em pleno Mineirão) serviu pelo menos para uma coisa: finalmente perdoar a Seleção de 1950, de Barbosa a Chico, por ter pedido (2 a 1) a final da Copa para o Uruguai. Um perdão tardio, pois, dos onze que jogaram a decisão em 1950, nenhum estava vivo. Um perdão apenas para a história.

Trabalho

No lugar de concentrar críticas sobre Felipão, que mesmo goleado não perdeu a pose, prefiro elogiar o perfeito trabalho que o técnico Joachim Low desenvolveu desde 2006, quando assumiu o comando da Seleção Alemã no lugar de Jürgen Klinsmann. Vale lembrar: Low perdeu a Copa de 2010, ficou em terceiro lugar, mas seguiu no cargo.

Inverso

Low perdeu a Copa 2010 na África, mas não perdeu o cargo. Dunga perdeu a Copa 2010 na África e logo foi demitido. Resultado: Low deu sequência ao trabalho. Dunga caiu. O Brasil chamou Mano. Não deu certo. Chamou Felipão. Deu no que deu. Low ganhou a Copa 2014. O Brasil perdeu. Aí chamou Dunga de volta. O Brasil é isso.

A diferença

Nem Neymar, nem Messi, nem Cristiano Ronaldo. Ao avaliar quem fez a diferença na Copa do Mundo 2014, examinei um conjunto de valores, além, claro, do talento. Em consideração o espírito de luta, doação, eficiência, consciência tática e até certo ponto a liderança também. A meu juízo, ninguém superou o alemão Schweinsteiger. Ei-lo com a taça de campeão do mundo.

Só elogios

Resolvi fechar o ano me desmanchando em elogios ao futebol alemão. Uma forma de elevar o que de mais extraordinário aconteceu na Copa do Mundo 2014 no Brasil. A Alemanha deu show no país do futebol. A Alemanha fez Klose no Maracanã ser o maior artilheiro de todas as Copas. A Alemanha transformou-se no país que mais vezes disputou finais de Copas do Mundo (oito). E foi decente e respeitosa até quando decidiu segurar o ritmo para não aplicar no Brasil uma goleada ainda maior.