Frios e calculistas
Pouco mais de 40 dias nos separam da largada do Campeonato Cearense. Descontando-se os dias de festa do Natal e Ano Novo, já, já, a bola voltará a rolar pelos gramados cearenses. Ainda não identifiquei quais mentores locais e nacionais lutam na surdina para acabar com os "estaduais". Essa corrente é invisível, mas poderosa, pois a cada ano aumenta o desejo de matar por inanição o que há algumas décadas era motivo de tanto entusiasmo e comemoração. Antes que o mesmo seja extinto, aproveitemos, pois, as simpatias e singelezas desse tipo de certame. As datas cada vez mais minguadas são forte indício de que estão levando vantagem os defensores do fim. Não se surpreendam se um dia a CBF anunciar de forma fria e calculista: "o certame estadual já era".
Recordando
Fortaleza de 1973. A partir da esquerda (em pé): diretor de futebol Deusimar Cavalcante, técnico Caiçara, Cícero Capacete, Pedro Basílio, Queiroz, Zé Carlos, Louro e Bauer. Na mesma ordem: Amilton Rocha, Serginho, Marciano, Chinesinho e Plínio. Foto no PV, no dia 08/08/1973, quando o Fortaleza sagrou-se campeão. Ganhou do Ceará, 1 a 0, gol de Amilton Rocha na prorrogação. (Colaboração de Maurício Santos). (Nº 379. 1745)
Consequências
Quando levanto a voz a favor do fortalecimento dos "estaduais", tomo por base o que vi na década de 1950. Participavam só clubes da capital. Era uma competição municipal, restrita à cidade de Fortaleza. Não havia a presença de times do interior. Se não me engano, apenas em 1967 o Quixadá passou a tomar parte, seguido do Guarany de Sobral em 1970.
Ampliação
A interiorização fortaleceu o Campeonato Cearense, ampliou ações e gerou polos que alcançaram elevado nível como Juazeiro e Sobral. Agora, a ideia de fazer um certame mínimo impede que o mesmo prospere e se torne autossustentável. É difícil encontrar patrocinadores para um certame relâmpago. E ainda mais difícil torná-lo economicamente viável.
Largada
No dia 14 de janeiro já em ação Quixadá x Fortaleza; São Benedito x Horizonte; Maranguape x Guarany (S) e Ceará x Itapipoca. Só não quero ouvir a insuportável cantilena segundo a qual o estádio tal não foi liberado por falta de laudo ou que jogo tal não começou por falta de ambulância. Futebol profissional não comporta isso.
Meta
Nova aposta: agora o Ceará vai de Dado Cavalcanti para a temporada 2015. Gostei do trabalho dele quando esteve no Icasa em 2011. Solidificou seu nome na sequência ao treinar clubes importantes como Paraná, Coritiba, Ponte Preta. Desafio: levar o Ceará para a Série A. O Vozão já entra no seu quarto ano de Série B. Basta!
Novos projetos
Sílvio Carlos aprendeu na vida e com a vida a superar obstáculos, adversidades, derrotas. Aceitar com humildade a perda nas urnas tricolores foi notável gesto de grandeza dele. Aliás, saber ganhar é fácil; saber perder é digno. Sílvio sabe ser digno nas duas situações. Para ele, sonho desfeito é frustração momentânea, jamais motivo para deixar de sonhar. Parabéns!
Lição a ser seguida
É bastante louvável a experiência do Fortaleza que, ao modificar há algum tempo os estatutos do clube, permitiu a participação dos sócios-torcedores na eleição anteontem realizada. Isso torna o pleito mais abrangente. E gera superior apelo para as eleições futuras, porquanto os torcedores interessados numa interferência direta sabem agora como se enquadrar nos critérios exigidos. Vão ficando fora de tempo os clubes que permanecerem apegados ao arcaico colégio eleitoral só de conselheiros. Deixar que apenas estes tenham direito a voto significa restringir o pensamento a um grupo dominante. Alargar os espaços de opinião leva a debates mais variados e consistentes. O Fortaleza ampliou. Ensinou. Produziu democráticos frutos. Os demais times cearenses deveriam seguir esse exemplo.