Tom Barros

Braçadeira de capitão

O líder acontece. Nem sempre é o craque. Ele vai se impondo naturalmente pela vocação de comandar. Tem ascensão sobre os demais, sem a necessidade de se esforçar para isso. Na Copa de 1958, nosso maior capitão, Hideraldo Luiz Bellini, assim se estabeleceu pelo respeito que os companheiros tinham para com ele. A braçadeira foi levada ao líder por um processo de consenso dos próprios comandados. E observem que lá estavam veteranos de futebol exuberante como o lateral-esquerdo Nilton Santos e o meia Didi, famoso "Folha-Seca". Mas foi Bellini o capitão. A polêmica agora criada pelo zagueiro Thiago Silva, que perdeu a braçadeira, não tem razão de ser. Se houve falta de comunicação, justo o protesto de Thiago, não por lhe terem tirado a braçadeira, mas pelo desrespeito da omissão.

Recordando

A partir da esquerda: o saudoso ídolo Mozart Gomes, o ex-jogador Joãozinho e o escritor Saraiva Júnior. Foto do acervo do Memofut/CE - Grupo de Literatura e Memória do Futebol - que completou sete anos de existência. Um elo entre as novas gerações e as que edificaram o esporte da gente nestes cem anos de atividade. Saudação especial ao fundador José Renato Sátiro Santiago Júnior e ao coordenador local, Cristiano Santos.

Incógnita

Não quero acreditar que a braçadeira tenha ido para Neymar tão-somente pelo prestígio que o craque desfruta. Se for apenas por isso, certamente ele se perderá na função, não apenas pela falta de vocação para comandar, mas também pela natural objeção dos próprios comandados. Só o tempo dirá se a avaliação do técnico Dunga foi correta.

Nível

A equipe do Debate Bola (TV Diário) ficou feliz pela repercussão e audiência do programa que teve a participação dos quatro candidatos à presidência do Fortaleza. Debate realizado sem baixarias, primando pela decência, pelo respeito, pela serenidade, não saindo do campo das ideias. E assim o telespectador pôde tirar oportunas e consistentes conclusões.

Pesar

Jurandir Branco morreu. Deixou saudade. Deixou exemplo de dedicação à formação de jogadores no Fortaleza. Uma história de vida que precisa ser contada a todos os que baterem à porta do Pici. Meio século vendo chegar jovens em busca de sonhos nos campos de futebol. Sonhos que Jurandir ajudou a realizar. Deus o receba em paz.

Bote-boca

Há quem só entenda como debate programa onde os candidatos partam para agressão física ou verbal. Profissional de comunicação que disso gosta apega-se ao ultrapassado modelo de sensacionalismo barato, só admitido hoje por gente que não evoluiu, parou no tempo; gente vazia que ainda confunde debate com bate-boca. Lamentável.

Esperança

O jovem atacante Uilliam, revelado pelo Fortaleza, é exemplo cristalino de como as categorias de base, quando bem coordenadas e dirigidas, podem oferecer ao clube um natural processo de renovação. Cito Uilliam, mas poderia citar muito mais. A política de formação de atletas deve ser mantida pelo próximo presidente, independente de quem venha a ser o eleito.

Futebol e política

O pesquisador Eugênio Fonseca aponta mais políticos antigos ligados ao futebol: Raimundo Girão, prefeito de Fortaleza, atuou no Guarani da Capital e no Fortaleza. Ossian Araripe, prefeito do Crato e deputado federal, jogou no Gentilândia nos anos 1940. Egberto de Paula Pessoa Rodrigues, deputado federal e presidente do Maguari. Vanderlei Farias Pedrosa, deputado estadual, presidente do Ferroviário em 2012. Honório Correia Pinto, deputado estadual, presidente do Ferroviário.