Tom Barros

Fantasmas de cada um

As novas gerações não conhecem a história de um tabu que durou mais de vinte anos no futebol cearense. Na década de 1950, o time Calouros do Ar, ligado à Base Aérea de Fortaleza, fez sucesso, inclusive ganhando o título de campeão estadual de 1955. Pois esse Calouros virou um fantasma assustador na vida do Ceará. Quando havia Ceará x Calouros, já se sabia da dureza do desafio para os alvinegros. Mesmo quando o Calouros entrou em crise, ainda assim não raro surpreendia o Ceará. Pois este Joinville de Santa Catarina resolveu ser o novo fantasma assustador na vida do alvinegro cearense. Nas últimas três vezes em que se encontraram, duas goleadas de 3 a 0 e um placar de 3 a 1, todos aplicados pelo Joinville. Portanto, nove gols dos catarinenses, um do Ceará.

Recordando

Década de 1970. Num clássico Fortaleza x Ceará, lance em que aparecem, a partir da esquerda, Amilton Melo (Fortaleza), Edmar (Ceará), Zé Eduardo (Ceará) e Lucinho (Fortaleza). Hoje, Edmar é técnico de futebol. Zé Eduardo mora em Salvador na Bahia. Amilton Melo e Lucinho morreram muito jovens. Detalhe: Amilton brilhou também no Ferroviário, Ceará e Atlético de Minas Gerais. (Colaboração de Elcias Ferreira).

Tricolor

O Fantasma do Fortaleza é o medo na hora de definir o acesso à Série B. O time e a torcida são tomados de uma desconfiança, ora velada, ora ostensiva; ora embutida, ora à mostra. O Fortaleza é melhor que o Macaé. E assim deve se impor sábado no Castelão. Nada de criar mais um fantasma. Este ano já sepultou um: o Águia de Marabá. O que falta para ganhar do Macaé?

Resposta

Ao Fortaleza, para ganhar do Macaé, falta apenas a coragem de, desde o início do jogo, mostrar-se superior, mais ousado. Não é subestimar o adversário. Não é usar de soberba. Não é desconhecer os méritos do Macaé. É fazer-se melhor pelo melhor material humano que tem. É fazer-me melhor pela campanha que fez. É fazer-se melhor porque assim é público e notório.

História

Ao longo de minha vida profissional, sempre vi a ligação da imagem do Fortaleza à força, à garra, ao brio, à luta. Nos últimos anos parece que essas qualidades foram cedendo espaço à pusilanimidade que não combina com o aguerrido espírito tricolor. A história e o atual time do Leão devem se encontrar para a retomada.

Sem temores

O Fortaleza não pode o time vacilante das últimas decisões. As hesitações devem estar do lado de lá, ou seja, do Macaé. Quem estará diante de mais de 60 mil torcedores contrários é o Macaé. Se alguém tiver de tremer, é o Macaé; se alguém tive de assustar-se com a multidão, é o Macaé. Ao Fortaleza cabe respeitar o visitante, não o temer.

Fases da vida

Nikão. De festejado a criticado. Passou boa fase, louvado em prosa e verso. Eu mesmo escrevi louvores a seu respeito. Aconteceu o suposto interesse do Flamengo. Nikão em alta. Depois disso, nada feito. Nikão insatisfeito, amor desfeito: Ceará para um lado, Nikão para outro. Contra o Joinville, triste papel de Nikão. Lamento, pois ele sabe jogar futebol.

Encontro

De um lado, o oscilante Ceará; do outro, o Icasa oscilante. Diferença: o Ceará ainda mira o G-4, com chances; o Icasa querendo sair do Z-4. Mas não pensem que, nesta altura do campeonato, a diferença de colocação (Ceará, 5º; Icasa, 18º) significará grande coisa. Em circunstâncias assim, embora por objetivos opostos, G-4 e Z-4 (e a turma em órbita) aproximam-se. Uns pelo desejo de subir; outros pela ânsia de não cair. E, por mais paradoxal que pareça, muitas vezes se nivelam em campo. É incrível.