Esperança e desengano
O Ceará tem hoje um encontro diferente com a sua torcida. Há algumas rodadas, ainda quando líder da Série B, transbordava esperança de ascensão. Agora, fora do G-4, teme que o desengano se instale de vez, caso haja um novo tropeço. Prefiro apostar ainda na esperança. Não quero acreditar que desabou por terra tudo o que o time construiu no que se convencionou chamar de primeiro turno. O Ceará, no returno, perdeu quase uma posição por rodada. E iniciou uma viagem de volta que assusta, incomoda e dói. A defesa é o alvo maior das críticas pela sequência de gols bobos que vem sofrendo, independente da composição. Essa vulnerabilidade tem comprometido parte do trabalho, embora a culpa seja coletiva e não de um compartimento só.
Recordando
Fortaleza campeão juvenil cearense de 1965. A partir da esquerda (em pé): Louro, Nivardo, Facó, Valdir, Ivan Frota, Iá e o diretor Miranor Miranda. Agachados: Irajá, Mano, Zé Alves, Zé Meu e Niltinho. Detalhes: Irajá e Iá foram meus companheiros de racha no campo da Igreja dos Remédios. Anos depois, Louro, que brilhou tanto no time profissional do Fortaleza, foi contratado pelo Corinthians/SP. (Acervo Elcias Ferreira)
Equilíbrio alvinegro
A declaração do técnico do Vasco, Joel Santana, pode perfeitamente ser entendida também pelo Ceará, ou seja, não abandonar a vocação ofensiva do técnico Sérgio Soares, mas ter a humildade de reconhecer que o modelo adotado pelo time cearense há deixado vulnerável demais o sistema defensivo de Porangabuçu. Na defesa do Ceará os adversários trafegam com facilidade e os gols são tomados em profusão. Sábio será Sérgio Soares se absorver bem o que disse seu colega vascaíno.
Mais e mais
Não pode mais o Ceará depender apenas das inspirações e presença de Magno Alves. É preciso que alguém também se apresente para ampliar com ele as opções nas conclusões. Lembram-se do tempo em que ele tinha a parceria de Mota? Dificultava mais a marcação adversária. E abria espaço até para Lulinha também se fazer eficiente nas conclusões.
Continuidade
Falta a alguns jogadores do Ceará a regularidade de produção. Bill melhorou, mas pode render muito mais. Eduardo, ora brilha intensamente, ora tem obscura atuação. Eduardo sabe jogar, mas às vezes não se encontra. O mesmo se pode dizer de Souza. Oscila entre boas e más produções; ora lembra seus grandes momentos, ora não os lembra mais.
Mão e pescoço
Se é que entendi, acabou no futebol a diferença entre bola na mão e mão na bola. Pelas recomendações do setor de arbitragem nacional, agora é infração, independente da intenção do atleta. E mais: entenda-se por "mão" não apenas a própria, mas também o antebraço e o braço. Daqui a pouco a "mão" incluirá também o pescoço...
Equilíbrio
Gostei do que disse Joel Santana, do Vasco: "No Brasil, as pessoas gostam de falar sobre futebol ofensivo. Eu acho importante que a equipe busque o gol, parta para cima do adversário. Mas o ideal, no futebol, é encontrar o equilíbrio entre o ataque e a defesa. Só assim vai poder enfrentar todas as situações com segurança para superar os adversários".
Há quatro anos
João Marcos, em 2010, formava o trio de ferro do Ceará, com Michel e Heleno também na marcação. Agora, quatro anos depois, querem que ele, João Marcos, praticamente sozinho, tome conta da marcação do time alvinegro. Se o time todo não auxiliar na marcação, a viagem de volta continuará. E, de forma injusta, a defesa sofrerá a culpa sozinha.