Tom Barros

Maracanazo, "Argentinazo", coisas de rivalidades bobas

Não sou muito de ligar para certos rigores que a mente humana cria sobre as disputas no futebol. Radicalismos ridículos que a nada levam. Encaro o futebol como esporte. Vibro quando o melhor time coroa a sua campanha com o título. E fico triste ao ver, pelos caprichos do destino, a taça injustamente nas mãos de quem não foi o melhor. Tiro de letra essas bobagens provenientes de rivalidades radicais. Não tenho nada contra a Argentina, belo país de elevados valores em todos os segmentos. Não raro me pego ouvindo as músicas de Gardel. Obras primas como Por Una Cabeza, El Dia Que Me Quieras ou Mi Buenos Aires Querido. Como não admirar Astor Piazzolla, inovador do tango? Já no futebol, inquestionável há alguns anos o talento de Maradona. Hoje, Respeito o craque Messi. Quanto ao futebol puro, na sua essência, na atual Copa a Argentina não tem sido melhor que a Alemanha. Mas não me incomodará, se for o caso, ver a Argentina tricampeã do mundo, dando a volta olímpica em pleno Maracanã. Dormirei tranquilo como faço todos os dias. Não me afetará em nada, se vão ou não criar um "Argentinazo". Torço pelo bom futebol. Na verdade, para ser justo, quem deve ser campeã, ou melhor, tetracampeã, é a Alemanha. Merecerá a coroação porque, desde a estreia, quando ganhou de Portugal por 4 a 0, há apresentado o melhor padrão. Tem disciplina tática irrepreensível, repertório variável, executado com primor por jogadores de alta performance como Lahm, Schweinsteiger, Khedira, Muller, Kroos, Ozil, Klose... Será uma injustiça não ver no pódio esse time comandado Joachim Low. Aliás, temo as injustiças do futebol e repasso históricos episódios assim registrados em Copas passadas. Começo com a de 1950. No lugar da arrasadora Seleção Brasileira de Zizinho, deu o Uruguai de Obdulio Varela; em 1954, no lugar do fantástico futebol da Hungria de Ferenc Puskas, deu a Alemanha de Helmut Rahn; em 1974, no lugar do espetacular Carrossel Holandês de Johannes Cruijff, deu a Alemanha de Franz Beckenbauer. Espero que desta vez, aqui no Brasil, prevaleça a categoria alemã. O fechamento desta Copa será exatamente como não desejavam os brasileiros, isto é, com a Canarinho fora de combate. A reforma do Maracanã ficou acima de R$ 1 bilhão de reais. O templo maior preparado para uma grande final, imaginando-se a presença da Seleção Brasileira. Seria o momento para sepultar de vez o Maracanazo, que ainda hoje atormenta gerações e que injustamente levou à condenação perpétua o timaço de Barbosa, Augusto, Juvenal... Agora, para mim, pouco importa se vão ou não criar um "Argentinazo". Isso é coisa de rivalidade boba.

Não me incomodará, se for o caso, ver a Argentina tricampeã do mundo, dando a volta olímpica em pleno Maracanã