Tom Barros

Seleção Brasileira sob o olhar de 200 milhões de técnicos

Reconheço as limitações da Canarinho. Tenho dito que minha esperança está abalada, não perdida, embora meio perdido esteja o Luiz Felipe Scolari, técnico da seleção. Aliás, quem não é técnico de futebol nestes dias de Copa do Mundo? Falando de futebol tenho escutado agora gente que jamais passou na calçada de um estádio. E que fala com tanta eloquência que seria capaz de dar palestras ou conferências sobre o assunto. Gente que sobre futebol discorre com tanta profundidade que botaria no bolso até mesmo treinadores como Louis van Gaal, da Holanda; Joaquim Low, da Alemanha; Didier Deschamps, da França, dentre outros. A magia do futebol tem esse poder de a todos empolgar, independente da raça, do país, das condições sociais, da religião. Até as senhoras de caridade, que antes dominavam apenas os nomes dos santos da paróquia, hoje sabem de cor e pronunciam com perfeito sotaque nomes como Sneijder, Mertesacker, Schweinsteiger), Christodoulopoulos... Viraram poliglotas sem cursos de línguas estrangeiras. São os inacreditáveis efeitos da Copa do Mundo. Com tantos milhões de técnicos neste país do futebol, como solucionar o problema da meia-cancha e, como consequência, o do ataque do Brasil? Aqui todos esbarram. Há necessidade de examinar a questão com a mesma serenidade ora exigida dos próprios jogadores. Será que Felipão, técnico campeão do mundo, não está vendo o que todos os brasileiros estão vendo? Será que Carlos Alberto Parreira, técnico igualmente campeão do mundo, também não está vendo o que todos os brasileiros estão vendo? Terão os dois sido surpreendidos por uma súbita cegueira futebolística? Impossível. Felipão entende de futebol. Parreira entende de futebol. Questão é que a atual geração não é composta de jogadores excepcionais. Há bons valores, mas fora de série só o Neymar. Um Neymar é pouco. Será preciso cloná-lo em pelo menos três para fazer frente ao que vem por aí. Saiu Paulinho, entrou Fernandinho. Melhorou, mas não o suficiente ainda para regular consistente diferença. Também já entraram Hernanes, Bernard, Ramires, Willian e Jô. E nada de significativa alteração na produção da equipe, que carece de ligação rápida e eficiente. Como essa ligação não acontece de forma desejável, o atacante fixo torna-se inútil. Fica pregado entre zagueiros como inimigo capturado numa guerra: olha para todos os lados e não aparece ninguém para o salvar. Lembrei das senhoras de caridade que sabiam apenas os nomes dos santos da paróquia. Pelo visto e a continuar assim, elas terão de apelar mesmo para muitas orações. E já que se tornaram poliglotas, orações em todos os idiomas.

Há bons valores, mas fora de série só o Neymar. Um Neymar é pouco. Será preciso cloná-lo em pelo menos três para fazer frente ao que vem por aí