Tom Barros

No Castelão, o México não teve medo nem do Brasil

A cidade de Fortaleza recebe hoje, carinhosamente, visitantes que têm tudo a ver com nossos sentimentos: os mexicanos e os holandeses. Como esquecer a acolhida que a Seleção Brasileira teve em 1970, quando ganhou o tri mundial no Estádio Azteca? Como citei, naquela ocasião os mexicanos assumiram a nacionalidade brasileira, não nos registros dos cartórios, mas nos assentamentos dos corações. E deram a volta olímpica como sendo deles. E contemplaram a Taça Jules Rimet como sendo deles. E fizeram da conquista brasileira uma conquista deles.

Já a conquista dos holandeses foi diferente Aqui chegaram em 1649 movidos por interesses econômicos. Invadiram o Nordeste. Vieram para o Ceará e aqui se estabeleceram. Construíram o Forte Schoonenborch, embrião da nossa querida cidade de Fortaleza. Apesar de nada amistosa, a estada dos holandeses deixou traços de sua influência na história do Ceará. Hoje, a situação é diferente. Os holandeses vieram, não pelo desejo da dominação, mas pelo esporte; não pela ambição, mas pela vontade.

É a confraternização do futebol. Nesta parte, a escola holandesa é rica, revolucionária. Inesquecível o Carrossel Holandês de 1974, também chamado Laranja Mecânica ou Futebol Total. Fantástico time de Krol, Neeskens, Cruyff, Rensenbrink. Gerações posteriores como a de Rijkaard, Winter, Bergkamp e Overmars também a engrandeceram. Hoje, estão aí Sneijder , Robben, Robin van Persie. O México aqui está pela segunda vez. Na primeira, mostrou que não teve medo nem do Brasil. Empatou com o time de Felipão e em momentos revelou-se capaz de vencer. Assustou.

O goleiro Ochoa assombrou por suas defesas monumentais. Numa delas, seu braço pareceu esticar mais do que permite o corpo humano, como só possível nos desenhos animados de Walt Disney, Mas não apenas de Ochoa vive o México. Há Moreno, Rafa Márquez, Aguilar, Herrera, Guardado, Giovani dos Santos, Peralta, Chicharito. Pela campanha e histórico os holandeses são vistos pela imprensa internacional como favoritos. São vice-campeões do mundo e mantêm elevado padrão e aplicação tática desde a Copa de 2010 na África do Sul.

Já chegaram a três finais de Copa do Mundo (1974, 1978 e 2010). Sentiram o gostinho da conquista, mas terminaram frustrados nas três ocasiões. Aí está a cidade de Fortaleza aberta aos que vieram fazer o espetáculo. A Holanda, agora com uma invasão diferente, sem necessidade de construir um forte para buscar abrigo; o México, que aqui já estivera no jogo contra o Brasil, sente-se no ninho mais uma vez. Aviso aos holandeses: hoje o "Forte Schoonenborch" terá outro nome. Chama-se Ochoa. É uma muralha quase intransponível.