Uma história de goleadas, amizade e recíproco respeito
Brasil e México têm uma longa trajetória de disputas em Copas do Mundo. Começou em 1950 no Maracanã. Goleada brasileira: 4 x 0, gols de Ademir Menezes (2), Jair Rosa Pinto e Baltazar, diante de mais de 80 mil pessoas. Quatro anos depois, na Copa da Suíça em 1954, no Stade des Charmilles, em Genebra, o Brasil goleou mais uma vez os mexicanos: 5 x 0, gols de Pinga (2), Didi, Baltazar e Julinho. Oito anos depois, na Copa do Chile em 1962, a vitória brasileira já não foi tão fácil. Ganhou por 2 a 0 com gols de Zagallo e Pelé. Mas, desde a Copa de 1970, o Brasil ficou com uma dívida impagável: os mexicanos vestiram a camisa amarelinha. Simbolicamente assumiram a nacionalidade brasileira e fizeram coro no Estádio Azteca na inesquecível e memorável vitória na final sobre a Itália (4 x 1). O Brasil sagrou-se tricampeão mundial, tornando-se proprietário definitivo da Taça Jules Rimet. Jamais vi carinho igual do povo de um país para com um visitante. Os mexicanos comemoraram o título como sendo deles, numa adoção espontânea, não registrada em cartório senão nos livros do coração. Hoje o México já não é o time fraco de tantas goleadas sofridas. Pelo contrário, de certo tempo para cá, vem obtendo algumas vitórias e vantagens, apesar da derrota para o Brasil na Copa das Confederações no ano passado. A melhor demonstração de crescimento do futebol mexicano foi ter tirado do Brasil o ouro olímpico em Londres, quando venceu por 2 x 1 no Estádio Wembley, dois gols de Peralta. No Brasil derrotado estavam Thiago Silva, Marcelo, Hulk, Oscar e Neymar. No México vencedor estavam Salcido, Herrera, Fabián e Peralta. Contas a ajustar no jogo de logo mais no Castelão. Numa avaliação atual, o Brasil tem melhores possibilidades. Verdade que a estreia mexicana (vitória por 1 a 0 sobre Camarões), mostrou que o time continua perigoso com Geovani dos Santos, Salcido, Herrera, Peralta e Guardado. Além disso, tem na retaguarda Rafa Márquez, tão veterano quanto eficiente, uma referência internacional. Não creio possa o Brasil tropeçar. O modelo mexicano de jogar difere muito do modelo croata, quer na força física, quer na velocidade. O estilo é semelhante ao nosso, ou seja, na habilidade de Geovani dos Santos e no oportunismo de Peralta. É por aí que Oscar e Neymar também trafegam. E com mais esmero, diga-se. Síntese: o México certamente começará fechado, prudente. Depois, de acordo com as circunstâncias, poderá gradualmente se soltar. Nesta expectativa, vale um lembrete ao hospitaleiro povo cearense: jamais esquecer a irmandade mexicana, tecida não por anotações em registros civis, mas pelos laços da amizade e da história.
Em 1970, os mexicanos vestiram a camisa amarelinha e simbolicamente assumiram a nacionalidade brasileira