Quase ninguém acredita numa zebra capaz de tirar do Fortaleza o tetracampeonato cearense neste 2022. Do Castelão ao Pici, tapete vermelho estendido para festejar mais um título tricolor. É a lógica. É o que a maioria espera pelo favoritismo do Leão. Pensamento predominante entre cronistas e torcedores. No Fortaleza, porém, não há o “já ganhou”. O técnico Juan Pablo Vojvoda deixou clara a sua posição de respeito ao adversário. Sim, mas se o Caucaia se sagrar campeão cearense de 2022? Que cenário haverá no dia seguinte? “The day after”. Ora, haverá festa de três dias em Caucaia. Carreatas. Tudo mais. No Pici, haverá protestos. Mas logo cessarão. Situação semelhante aconteceu em 1956. Um time de bairro, o Gentilândia, sem as glórias dos três grandes da Capital, foi campeão cearense. Um ano antes, em 1955, o Calouros do Ar, um time menor, também tinha sido o campeão estadual. O mundo não acabou como não acabará agora. Ora, bastaram três seguidas vitórias do Ceará para mudança de foco. Lá nem lembram mais do fracasso havido diante do Iguatu. Gradualmente, a vida foi voltando ao normal. Sim, mas se Caucaia ganhar o campeonato? Ficará, claro, nos anais da história.
Era diferente
Quando o Calouros do Ar foi campeão cearense em 1955 e, no ano seguinte, o Gentilândia campeão cearense em 1956, a competição era valorizada ao extremo. Não havia sequer a Taça Brasil. A repercussão foi imensa. Uma espécie de tsunami que abalou os times grandes, Fortaleza, Ceará e Ferroviário.
Hoje, não
O Campeonato Cearense não tem hoje a mesma importância que tinha na década de 1950. Naquele tempo, a única competição nacional era o Campeonato Brasileiros de Seleções Estaduais, disputado de dois em dois anos. Hoje tem a concorrência da Copa do Nordeste e da Copa do Brasil. Os próprios times grandes só valorizam o certame estadual na reta final.
Seleções estaduais
A melhor Seleção Cearense que vi foi a de 1962, quarta colocada no Campeonato Brasileiro, atrás de Minas Gerais (campeã), Seleção carioca, chamada de Guanabara (vice) e Seleção Paulista (terceira). A base da Seleção Cearense foi Aloísio; William, Alexandre, Evandro (Damasceno) e Carneiro; Haroldo e Charuto; Carlito, Gildo, Mozart e Expedito. Técnico: János Tratay.
Campeã do Norte
Outra Seleção Cearense que alcançou êxito foi a de 1954, campeã do Norte, numa disputa com a Seleção do Pará. A Seleção Cearense, que venceu em Belém (0 x 2), gols de Pipiu, tinha a seguinte formação base: Ivan; Geroldo e Nozinho; Dico, Merci e Cosmo; Moésio, Pipiu, Vicente, Aluizio e Canhoteiro.