O recomeçar
Terminada a primeira volta, não há como se vislumbrar a subida do futebol cearense para a elite nacional (Série A). O Icasa, que está mais próximo do G-4, padece não raro de recaída que dificulta seu progresso. Foi assim com na derrota em casa para o Paraná. O Ceará, nos dois recentes empates, deu mais a demonstração de que tem futebol para permanecer na Série B do que para ascender à categoria maior. Mas, neste recomeçar, tudo pode ainda acontecer. No alvinegro somente será possível sonhar com o G-4 se o time passar a ganhar jogos fora. Portanto, ainda é possível subir, sim, mas somente mediante radical mudança de postura. Com a produção atual ficará no que está.
Virtudes
Um goleiro não pode ser julgado ou defenestrado por alguns erros que tenha cometido. Tem que ser levado em consideração também o número de defesas fundamentais que pratica. Vi críticas ao goleiro do Fortaleza, João Carlos, pelo segundo gol que tomou em Maceió. Tudo bem. Mas não se deve deixar de lado, como inexistentes, as defesas importantes que ele fez. A tendência humana, lamentavelmente, é ver mais os defeitos que as virtudes.
Volta por cima
Vi muita gente, há algum tempo, criticando o goleiro do Ceará, Fernando Henrique. Alguns até entendiam que Fernando já cumprira sua contribuição ao alvinegro. Tudo isso porque ele experimentara fase ruim. Tudo bem. Mas nos jogos diante do Palmeiras e do Joinville o Ceará só não foi derrotado pelas milagrosas defesas que Fernando praticou. A primeira delas, em Santa Catarina, milagre dos milagres. Calma, gente, na hora de criticar.
Visão de Arbitro
Errar todo árbitro erra. É normal. Pena que esses garbosos rapazes, de vários estados e de origens diversas, estão errando mais contra os cearenses. No jogo do Fortaleza, em Maceió, o árbitro Marcelo Aparecido de Souza, de São Paulo, viu demais. Marcou um pênalti que a televisão mostrou não ter existido. Já em Joinville, o árbitro Elmo Alves Resende Cunha (GO) viu de menos. Deixou passar o lance em que o jogador do Joinville controlou a bola com a mão, fato irregular que resultou no gol catarinense. Erros graves que influenciaram diretamente no placar.
Passes perfeitos. Mota e Magno. O torcedor mais atento logo observa como a qualidade do passe final é importante na definição do gol. Contra o Palmeiras, fez a diferença o passe perfeito, milimétrico, de Magno Alves para Marcos assinalar o gol. Já diante do Joinville foi o passe milimétrico de Mota que ensejou a Lulinha marcar belo gol. Mas, se o Ceará quer mesmo subir, essa qualidade terá de ser mais constante.
Goleador
Pouco a pouco, o Lulinha que já foi banco, que já foi reserva, quer já foi criticado, vai retomando a sua condição de jogador eficiente, quer na participação, quer na conclusão. Mas não pode ficar como caso isolado de um crescimento individual. Ele já é o segundo artilheiro do Ceará, atrás apenas de Magno Alves. Cabe ao treinador Sérgio Soares saber explorar da melhor maneira possível esta inclinação ou vocação de Lulinha.
Artilharia da "B"
Bruno Rangel, da Chapecoense, é o artilheiro da Série B com 19 gols. O mais próximo dele é Lima, do Joinville, com 12 (sete a menos). O Ceará marcou 24 gols. Bruno Rangel, sozinho, fez 19. Por aí se vê o quanto o Ceará terá de estimular sua artilharia no returno. O Icasa marcou 27 gols, mas tem a pior defesa do campeonato, pois já sofreu 35 gols. Se os cearenses não mudarem para melhor esses números, nenhuma esperança restará.
"O clube precisa sair da Série C. E se o torcedor quer ir para a Série B, ele terá que ir domingo ao jogo no Estádio Presidente Vargas".
Daniel Frota
Dirigente do Fortaleza