Do Ceará para o Brasil
Dizem que a vaia é "produto" cearense. Conta a história que em 1942, após três dias de chuva, a turba, na Praça do Ferreira, vaiou estrepitosamente o Sol quando este apareceu entre as nuvens. Espírito moleque da nossa gente. Mas no jogo do Brasil no Castelão, o cearense mandou uma lição ao país: no lugar da vaia que ecoou no Estádio Nacional Mané Garrincha em Brasília, o povo de nossa terra cantou a plenos pulmões o Hino Nacional Brasileiro. E mais: quando o jogo terminou, o coro que se ouviu foi: "Sou brasileiro, com muito orgulho, com muito amor". Não preciso dizer mais nada.
Outro cenário. Quem fez o Castelão padrão Fifa, imaginando-o palco apenas de futebol, jamais o imaginou cenário de protesto contundente contra a corrupção e contra o descaso na saúde, educação e segurança.
Seriedade
Desta vez, os cartazes levados ao Castelão, longe da conhecida "molecagem" alencarina, traduziram o sentimento consciente de um povo que sabe fazer humor, mas, muito mais que isso, sabe também ser firme, forte, determinado e sério quando o momento exige.
Exemplo
A partir do que houve no Castelão, o restante do país entenderá melhor que o cearense sabe fazer rir, mas sabe também ter postura severa nas questões sociais, quase sempre posições de vanguarda. A abolição dos escravos está aí como prova.
"A torcida ganhou o jogo, quando continuou a cantar o hino mesmo quando o som do estádio parou. Os gols foram consequência".
Marcelo
Lateral-esquerdo da Seleção Brasileira
Eclipsado
O foco na Copa das Confederações desviou muito a atenção de um fato que, sem essa competição internacional, ocuparia todos e maiores espaços na imprensa esportiva daqui: a apresentação do novo técnico do Ceará, Sérgio Guedes.