2024 marcará uma década da morte de Ariano Suassuna. Nós, os nordestinos, ficamos órfãos. Que falta faz o cavaleiro armorial. Ainda mais numa semana como esta: o Brasil enfrenta mais uma tempestade cultural.
Há quem diga que nosso País não tem furacão, nem terremoto, mas é cada tragédia que chega pelo Atlântico. O ciclone mais recente ganhou o nome Taylor Swift. Quem é? De que vive? Como se alimenta?
Aos milhares, jovens tomaram aviões, ônibus, carros, trens, metrôs ou foram a pé para ouvir essa artista estadunidense em estádios de organização sufocante. Uma fã morreu de tanto calor.
Se prestasse mesmo, chamar-se-ia Têilor Rápido, parafraseando Ariano Suassuna no caso Chico Science/Ciência. Na crítica do saudoso paraibano havia tantos alertas.
A babança brasileira com qualquer coisa que se mexa e cante em inglês é algo digno de muita pesquisa para antropólogos, psicólogos e diletantes. Eu próprio, um simples jornalista generalista, não consigo entender.
Enquanto a senhorita Rápido lotava espaços onde mal se respirava (segundo o noticiário), uma artista brasileira chorava nas redes sociais tamanha a indiferença que sofria.
Thalita Pertuzatti, conhecida como Whitney do Brasil, organizou-se para uma apresentação com músicas brasileiras. A sete dias do concerto, foram vendidos 11, onze, eu digo 11 ingressos, ao custo de R$ 25, para um espaço onde caberiam mais de mil pessoas. Os preços para assistir à senhorita Rápido vão de R$ 240,00 a R$ 950,00.
Que erro cometeu Thalita? Divulgação? Cantar em português brasileiro? Dar um tempo em shows como cover de Whitney Houston? Será que os estadunidenses fariam o mesmo: a glória para quem vem de fora, o desprezo para quem é daqui? Duvido.
Na falta de Suassuna, alguém pode dizer o que está acontecendo? Acompanhando esse tratamento assimétrico recebido por ambas, só me resta questionar. Talvez esteja dentro demais do Brasil para entender. Afinal, vivo no miolo do Sertão. Para muitos, é uma desvantagem geográfica.