A vitamina K2, também conhecida como menaquinona, é um micronutriente que auxilia no funcionamento correto do organismo. Sendo uma das formas de apresentação da vitamina K — que se divide entre as versões K1 e K2 —, ela tem como principal função transportar o cálcio para os ossos, fortalecendo-os e prevenindo fraturas e doenças, como osteoporose, cardiopatias, nefropatologias e alguns cânceres.
Outra ação atribuída ao composto orgânico é ajudar na coagulação sanguínea — processo que previne perdas sanguíneas consideráveis. No entanto, quando comparada à “irmã” K1, possui um poder de ação menor. A nutricionista Saskia Melo destaca que esse efeito é diferente da trombofilia, condição caracterizada pela coagulação excessiva, popularmente conhecida como “engrossamento do sangue”.
A especialista explica que o nutriente atua como uma espécie de “guia”, retirando o excesso de cálcio do corpo e o direcionando para locais adequados, como dentes e esqueleto, e, consequentemente, evitando a calcificação das artérias e casos de infarto ou de acidente vascular cerebral (AVC).
“A vitamina K2 é extremamente importante também durante o desenvolvimento fetal. Alguns estudos demonstraram que mulheres gestantes, que se alimentaram de uma dieta baixa em vitamina K2, gestaram filhos que, posteriormente, desenvolveram uma arcada dentária malformada e com nascimento de dentes tortos", acrescenta.
Quando suplementar e quais perigos
A deficiência de vitamina K2 não é facilmente detectada, já que os sinais clínicos da baixa da substância podem ser confundidos com outras condições. Segundo a nutricionista, isso ocorre porque no mercado poucos laboratórios oferecem exames de sangue específicos para identificar o caso. No entanto, há alguns fatores de risco que podem indicar a redução do nutriente.
Se por acaso, você é vegano, ou tem acúmulo de placas nas artérias, ou desenvolve pedras nos rins com frequência, se frequentemente tem cáries, se é resistente à insulina, ou tem varizes, é importante avaliar a sua dieta e investigar uma possível deficiência desta vitamina.”
Ao ser constatada a carência dessa vitamina no organismo, em casos de baixa densidade mineral óssea ou quando existe o uso crônico de medicamentos ou condição genética que impeça a absorção da vitamina K, a suplementação pode ser indicada.
A especialista destaca que a suplementação é considerada segura para a maioria das pessoas quando tomada em doses adequadas, na forma com melhor biodisponibilidade (MK- 7 e MK-4) e quando prescrita por nutricionista ou médico. No entanto, a ingestão de altas dosagens pode trazer condições adversas à saúde.
A nutricionista ainda alerta para outras contraindicações e perigos. São eles:
- Medicamentos anticoagulantes — quem faz uso desse tipo de droga, como a varfarina, deve ter cuidado ao tomar o nutriente, pois pode interferir na ação do medicamento, aumentando o risco de formação de coágulos sanguíneos ou sangramento;
- Portadores de doenças hepáticas graves — pacientes com nefropatologias podem ter dificuldade em processar e utilizar a vitamina K adequadamente; se por acaso houver a ingestão de altas dosagens desta vitamina, isso pode trazer condições adversas à saúde.
- Interação com estatinas — usadas no tratamento da hipercolesterolemia e na prevenção da aterosclerose, essa classe de medicamento pode inibir a síntese de vitamina K2 no corpo, mas essa interação ainda não está bem descrita na literatura científica.
Qual melhor horário para tomar
Saskia Melo explica que não existe um melhor horário para a suplementação de K2. No entanto, por essa vitamina ser lipossolúvel, é importante que seja ingerida imediatamente após alguma refeição que contenha alimentos fontes de gorduras “boas”, como, por exemplo, logo após o consumo de abacate, azeite ou castanhas.
“Outro fator importante também é suplementar sempre no mesmo horário, pois assim é possível estabelecer uma rotina consistente e provavelmente garantir uma absorção adequada ao longo do tempo”, destaca a nutricionista.
Alimentos ricos em vitamina K2
A especialista detalha que enquanto a vitamina K1 é abundante em vegetais de folhas verdes, como couve, brócolis, salsa, alface, nabo, e, principalmente, no espinafre, a vitamina K2 é encontrada em produtos de origem animal e fermentados. São exemplos deles:
- Fígado;
- Óleo de peixe;
- Gema de ovo;
- Carnes (de animais criados extensivamente, ou seja, a pasto);
- Produtos lácteos.
O nutriente possui diferente formas — como MK-4, MK-7 e MK-10 —, podendo a maioria delas ser produzida somente por bactérias, através do processo de fermentação. Devido a essa característica, a vitamina K2 é facilmente encontrada em alguns tipos de queijo.
Relação da vitamina K2 com cálcio
Como explica a especialista, a substância consegue ativar duas importantes proteínas: a osteocalcina, responsável por fixar o cálcio na matriz óssea, que incluí ossos e dentes; e a Matrix Gla-proteína (MGP), que inibe a deposição excessiva de cálcio nas paredes arteriais.
Devido a isso, a vitamina K2 auxilia na prevenção de fraturas ósseas, da calcificação de artérias, de cáries, na saúde das gengivas e na melhora a regulação de hormônios que envolvem o cálcio em seu metabolismo.