Um dos cuidados que quem sofre com refluxo gastroesofágico deve ter é com a alimentação, pois uma dieta balanceada pode ajudar no tratamento da doença. A nutricionista Tatyane Costa, especialista em nutrição clínica, explica que o plano alimentar para esse paciente deve ser rico em fibras, frutas, verduras e vegetais. A médica Melka Jovino, gastroenterologista e endoscopista, complementa que o principal pilar no tratamento é a mudanças no estilo de vida.
“A alimentação adequada é sem dúvidas uma poderosa aliada para combater os sintomas do refluxo. Além disso, a intervenção nutricional baseia-se na redução de alimentos que são de difícil digestibilidade e no fracionamento da alimentação, que deve ser aumentado a fim de evitar desconforto e o aumento da pressão abdominal, já o volume das refeições deve ser diminuído para evitar distensão intra-abdominal e a estimulação do ácido clorídrico”, diz Tatyane.
Além da quantidade, a nutricionista alerta para a temperatura do que se irá consumir. Ela detalha que alimentos quentes aumentam a congestão da mucosa gástrica e da secreção ácida e também interferem no tempo de esvaziamento gástrico, isso faz com que o alimento permaneça mais tempo no estômago.
Alimentos que podem piorar sintomas de refluxo
A nutricionista afirma ainda que a lista de alimentos que devem ser evitados por quem tem refluxo é extensa e pode variar de forma individual, por isso, ela reforça a importância de cada um identificar quais podem piorar os sintomas e assim evitá-los. De uma forma geral, ela recomenda evitar:
Bebidas alcoólicas, café e bebidas à base de cola, alimentos e frutas ácidas, frituras, alimentos gordurosos, alimentos quentes, chás escuros (chá-mate, chá-preto e chá vermelho, que contêm cafeína), carnes gordurosas (aquelas com a gordura aparente), carnes vermelhas (são mais difíceis de digerir), leites e derivados integrais, corantes e conservantes (muito presentes em alimentos industrializados como sucos em pó e salgadinhos), açúcares e doces, condimentos como pimenta, ketchup, mostarda, shoyu e outros.
Outro cuidado importante é evitar a ingestão de líquidos durante as refeições. “Isso faz com que o estômago fique muito cheio, dificultando o fechamento do esfíncter esofágico, que mantém a parte inferior do esôfago fechada, contribuindo para o retorno involuntário do conteúdo gástrico do estômago para o esôfago”, afirma Tatyane.
Os sintomas de refluxo, conforme a especialista, são mais comuns de aparecerem no período noturno, porque há uma “redução da secreção salivar e deglutição, diminuição da motilidade gastrointestinal e exposição prolongada ao ácido no organismo”. Então, é sugerido por ela que o paciente faça a última refeição do dia três horas antes de dormir, aposte em uma alimentação mais leve e não consuma líquidos e mastigue bem.
Refluxo e emagrecimento
A dieta que visa o emagrecimento para quem tem refluxo deve atentar, segundo Tatyane, para as recomendações para a doença, além de proporcionar um déficit calórico, considerando a qualidade das calorias ingeridas.
“Logo o ideal é que seja a mais variada possível, rica em frutas, verduras e legumes. Porém, é preciso estar atendo a algumas estratégias que fazem toda a diferença para evitar os sintomas do refluxo, como por exemplo, evitar longos períodos sem se alimentar, comer porções menores e mais vezes ao dia, dar preferência a alimentos in natura, evitar os alimentos processados e ultraprocessados e evitar ingerir líquidos junto as refeições”.
E o que é o refluxo?
A médica Melka Jovino explica que o refluxo gastroesofágico é uma doença crônica decorrente do fluxo retrógrado de parte do conteúdo do estômago para esôfago e/ou órgãos adjacentes. “O principal sintoma é a pirose (queimação retroesternal) que pode ou não estar associado com a regurgitação. Mas podem ter outros sintomas associados (tosse seca, sensação de ‘bolo na garganta’)”.
A principal causa da doença do refluxo, conforme Melka, é o relaxamento transitório do esfincter esofageano inferior (a válvula que separa o esôfago do estômago), como também o seu enfraquecimento (o que chamamos de hipotonia). Outra causa seria a hérnia de hiato, o surgimento da mesma tem relação direta com o ganho de peso.
Segundo a médica, o exame padrão ouro para o diagnóstico é a impedancio-pHmetria, mas a endoscopia também pode ajudar no diagnóstico. O tratamento pode ser feito a base de remédio ou também com mudanças de hábito.
“As modificações do estilo de vida são os principais pilares do tratamento. A alimentação é fundamental para o controle da doença, sempre oriento seguimento com nutricionista. Além da dieta especifica é importante realização de atividade física para evitar ganho de peso”.