Especialistas explicam o que é APLV, quais são os sintomas e como tratar

Essa alergia, segundo os médicos, é mais comum em crianças nos primeiros anos de vida

Você já ouviu falar em APLV? O termo, que aparenta estar cada vez mais comum, faz referência à Alergia à Proteína do Leite de Vaca, que, segundo especialistas, é uma reação do sistema imunológico. O médico de família e comunidade, Régis Rony, afirma ainda que essa alergia ocorre sobretudo em crianças.  

“A Alergia à Proteína do Leite de Vaca é uma reação imunológica adversa às proteínas presentes no leite de vaca, desencadeada pelo sistema imunológico do corpo, resultando em uma resposta alérgica”, detalha a pediatra e neonatologista Tatiana Cicerelli Marchini. 

Para se chegar ao diagnóstico da APLV, os médicos afirmam que, geralmente, existem duas possibilidades: uma dieta de exclusão do consumo de alimentos que contenham a proteína do leite por determinado período ou pode ser realizado testes de provocação.  

“O diagnóstico da APLV geralmente é feito por um pediatra ou médico especialista em alergias. Em crianças maiores, podemos realizar uma combinação de testes cutâneos, exames de sangue para detectar a presença de anticorpos específicos e testes de provocação oral, onde o paciente é exposto ao leite de vaca em um ambiente controlado para observar a reação”, diz Taciana. 

Régis acrescenta que na dieta de exclusão, mãe e bebê não são expostos a alimentos que contenham a proteína do leite por um período de 2 a 4 semanas, no qual será observador a redução ou desaparecimentos dos sintomas da alergia. Já o teste de provocação é feito após a dieta de exclusão, quando se inicia a aplicação progressiva desses alimentos em pele, região perioral/oral e ingestão oral.  

“Lembrando que estas orientações são de alto risco para reações alérgicas graves e precisa exclusivamente ser orientada por médicos pediatras ou alergologistas (por vezes, até em ambiente hospitalar), especialistas responsáveis de acompanhar ambulatorialmente os pacientes e seus familiares, além de liberar laudos médicos. Em casos mais graves ou para investigação mais completa, pode ser necessário a realização de Endoscopia Digestiva Alta ou testes através da pele e do sangue específicos” complementa. 

O médico esclarece que essa alergia é mais comum nos primeiros anos de vida, do nascimento até, por volta dos 7 anos. A pediatra e neonatologista diz ainda que a APLV “é mais comum em bebês e crianças pequenas, sendo geralmente diagnosticada nos primeiros meses de vida, quando o bebê é exposto ao leite de vaca pela primeira vez”. 

Já os sintomas da APLV podem variar de leve a grave e podem incluir, segundo a pediatra, problemas gastrointestinais como cólicas, vômitos, diarreia, problemas respiratórios como tosse e chiado no peito, além de sintomas cutâneos como urticária, eczema e inchaço dos lábios, língua ou garganta. 

Questionados se APLV tem cura, Tatiana conta que a alergia pode desaparecer com o tempo, principalmente em crianças pequenas, porém, há casos em que se persiste até a vida adulta. Régis reforça que “falamos desde remissão de sintomas ou tolerância ao LV até cura do APLV, após sua reintrodução gradual na dieta de crianças que anteriormente foram diagnosticadas com APLV e apresentam sintomas leves/ausentes e/ou boa aceitação alimentar contendo LV, geralmente depois de alguns anos sem LV em sua dieta”.    

O que não se pode comer? 

Quem é diagnosticado com a APLV deve evitar, conforme os especialistas, ingerir todos os produtos que contenham a proteína do leite de vaca, como leite, queijo, iogurte, manteiga ou creme de leite. 

“A recomendação envolve a contraindicação de alimentos como leite de outros mamíferos (cabra e ovelha), fórmulas parcialmente hidrolisadas ou poliméricas isentas de lactose, além de alimentos contendo LV (chocolate, bolo, iogurte e leite de vaca industrializado)”, diz o médico da família.

Como tratar? 

O tratamento para quem tem alergia à proteína do leite de vaca envolve, conforme os médicos, a exclusão do consumo de produtos lácteos e a substituição destes por alternativas adequadas. Segundo a pediatra, há casos graves em que também pode ser necessário o uso de medicamentos para controlar os sintomas alérgicos.  

“O tratamento é instituído em duas frentes: evitar contato com LV nos primeiros anos de vida e uso de fórmulas infantis adequadas para cada caso e faixa etária, quando necessário, de acordo com orientação médica” conta Régis. 

APLV e intolerância à lactose são o mesmo? 

A APLV e intolerância à lactose são situações distintas. "Enquanto a APLV é uma reação alérgica às proteínas do leite de vaca, a intolerância à lactose é causada pela falta de uma enzima chamada lactase, que é necessária para digerir a lactose, o açúcar presente no leite", define a pediatra. 

APLV pode ser hereditária?  

Segundo os especialistas, a APLV pode ter uma predisposição genética, ou seja, filhos de pais com algum histórico de alergia alimentar podem ter risco maior de desenvolver essa condição. “No entanto, outros fatores ambientais também podem desempenhar um papel importante no desenvolvimento da alergia”, diz Tatiana.