Nada realmente nos prepara para a chegada de um filho

Alerta texto pró maternidade e concepcional – risos.

Manuela adoeceu esses dias. Geralmente ela pegava umas gripes safadas, mas desta vez foi pra valer. Trinta e nove de febre, entre outras coisas. Depois de quase um ano da chegada dela, eu achava que já tinha ensaiado muitas cenas e esquetes dessa peça chamada maternidade. Mas não sabia era de nada. Coração partido de ver filho doente. Todo mundo me falava que uma das piores coisas de ser mãe é ver o filho doente.

Esse segundo parágrafo estou escrevendo 6 horas depois do primeiro. Manuela voltou a ter febre agora a noite e teremos uma madrugada agitada. Mesmo assim, tenho vontade de ter mais filhos, mais cachorros, mais tudo isso que tenho hoje – apesar dessas desgraças de doenças – o amor que eu sinto por ela, inclusive nesses momentos, transcende a lógica e até a dor.

Impressionante realmente como amamos um filho. Impressionante experimentar esse amor novo que nem nos maiores romances dos mais famosos casais de Hollywood se viu parecido. Quem pode explicar esse amor? Que ama na dor, que queria sofrer no lugar, que arde, que angustia. Uma experiencia única. É como se esses ônus viessem com um grande bônus: o amar semelhante ao amor mais puro que possa existir; sem interesse, sem esperar em troca. Talvez eu tenha vivido amores tão limitados que gostei de sentir esse doado.

Dói, mas no final das contas tenho amado. E amar da maneira máxima que se pode, é muito bom mesmo que sempre ali, no limite da dor tantas vezes.

Santo Agostinho sabiamente disse: se não quer sofrer, não ame. Mas se não amar, pra que queres viver?

Nada realmente nos prepara pra chegada de um filho. Pra vivência. E pra esse amor.

Termino com um trecho do livro de uma das minhas escritoras favoritas de maternidade, Roberta Ferec: “A maternidade pode ser mesmo incrível, mas ela arranca pedaços da gente. Daí aos poucos, e se a gente se esforçar pra isso, é possível voltar a ser inteira. Não aquela inteireza dos indiferentes, dos medrosos(...) da inteireza que, corajosamente, cria e recria pedaços de si”.

*Esse texto reflete, exclusivamente, a opinião da autora