Hoje fui ao abrigo que adotei a Arya – minha cachorrinha de quase 3 anos. E acabei ficando com outro. Do nada, adotei outro cachorrinho. Achei que nunca mais conseguiria depois da dor que passei com o Peter – meu cachorrinho que se foi. Antes de pegar, mandei mensagem pro Gabriel. Perguntando, conversando. E aí, botando as condições na mesa, ele disse: leve, não era o que eu faria agora, mas leve, a gente assume.
Ninguém te conta algumas coisas difíceis de um casamento. A não ser aquelas piadas bobas – e boas, não resisto a várias – game over, perdemos um guerreiro, é melhor morrer queimado. A parte difícil mesmo é só “comendo a saca de sal”.
Mas hoje eu me dispus a falar de uma parte boa. Tem várias – mesmo às vezes querendo sair correndo e ir morar com o abominável homem das neves . Só que hoje vim falar de uma. A companhia. Ela, meus amigos, aquela que você não tem no ficante, às vezes nem no namorado, às vezes nem nos parentes e algumas vezes nem no casamento. Mas quando a gente tem ela – a famigerada companhia, a parceria – vale demais o tal do dividir a vida.
A mesma coisa quando perdi o Peter, quando tive meu parto, quanto tive pedra nos rins. Mandei tantas mensagens nesses dias pra tantas pessoas que tinham perdido seus queridos, que tinham tido pedra na vesícula ou nos rins, pra quem pariu. Nenhuma delas era tão importante quanto a única pessoa que dividiria, sob o mesmo teto, embaixo do mesmo lugar, sob a mesma tempestade, tudo aquilo.
E repare, essa postagem não é romântica. É sobre o dia a dia, a vida prática.
Dividir as dores, delícias e escolhas dessa vida adulta que tantas vezes temos medo de vivê-las sozinhas, ter alguém que sabe o sabor do sal que você come todo dia dessa saca, alguém que pega na sua mão e assume uma responsabilidade tão grande que seria tão mais difícil sozinho é ainda o grande trunfo dos relacionamentos.
Deve ser por isso que o casamento, apesar de difícil, ainda acontece tanto. Por isso as igrejas estão sempre com noivas saindo em prantos de felicidade ou as pessoas estão sempre, em algum momento, dividindo as escovas de dente cheias de esperanças em uma vida a dois.
Porque o tal do companheirismo, aparentemente, nos faz viver mais e maior.
*Este texto reflete, exclusivamente, a opinião da autora