Como tratar cicatrizes de acne? Especialista indica melhores técnicas

Formação das cicatrizes depende do grau da acne, assim como o tipo de tratamento. Quanto mais profunda, mais difícil de melhorar o aspecto da pele

Já faz três meses desde quando publiquei minha primeira coluna por aqui contando minha história com acne na fase adulta. Com uma nova estratégia de tratamento, consegui ver uma melhora significativa das lesões inflamadas, porém, além das manchas, outra coisa tem começado a me incomodar: as cicatrizes.  

Mesmo com maquiagem, por exemplo, os relevos na pele não se camuflam e deixam um aspecto disforme. Contudo, orientada pela médica dermatologista que me acompanha, o tratamento mais focado nas cicatrizes deve acontecer somente após a acne estar totalmente controlada e quando houver uma melhora nas manchas.  

Por isso, já comecei a me informar sobre os tratamentos possíveis pro meu caso, portanto, se você assim como eu quer melhorar o aspecto da pele e entender melhor sobre a formação das cicatrizes confira as dicas abaixo da dermatologista e professora da Universidade Federal do Ceará (UFC) Maria Genúcia Matos. 

Como se formam as cicatrizes? 

A médica explica as cicatrizes se formam a partir de uma lesão inflamatória mais profunda. “Ou pelo fato de a acne ser grave mesmo, ou por falta de tratamento, ou por manipulação indevida dessas lesões. Quanto mais profundo o processo inflamatório, mais profundas essas cicatrizes ficam”.  

A acne, por si só, pode se apresentar por diferentes tipos de lesões. Além disso, essa condição tem uma classificação conforme o grau de inflamação, indo de grau um a quatro. O último é o mais grave com cravos, espinhas, lesões císticas, abcessos.  

"Quando a acne não é tratada de forma precoce, pode evoluir e trazer consequências tanto a nível psicológico, como a redução da autoestima, quanto a consequências estéticas, como as cicatrizes”. 
Maria Genúcia Matos
dermatologista

Quais os tipos de cicatrizes?  

De acordo com Maria Genúcia, as cicatrizes podem ser divididas em três grandes grupos: distróficas, atróficas ou hipertróficas. Cada um tem suas características, por isso, antes de fazer algum tipo de tratamento é tão importante consultar um profissional capacitado.  

As hipertróficas, conforme explica a médica, têm uma lesão cicatricial que ficam acima da superfície cutânea, limitando-se à área da lesão original. “Quando é muito além daquela lesão, é chamada de queloide”. 

Já as distróficas são cicatrizes muito irregulares, com tamanhos e formatos diferentes e podem apresentar nódulos fibróticos.  

Por último, as atróficas são aquelas em que a superfície da pele está abaixo do nível normal da pele. “Quanto mais profundo o processo inflamatório, maior a profundidade dessa cicatriz atrófica, então mais difícil de ser tratada” 

As atróficas podem ser classificadas ainda em distensível e não-distensível. “A primeira é quando você estica a pele por volta da cicatriz e ela desaparece, já a outra é mais profunda e o nível de fibrose é maior, esticando a pele não é possível fazer a cicatriz desaparecer”, acrescenta.  

É possível prevenir 

Embora seja difícil garantir que nenhuma cicatriz vai surgir com o aparecimento de um quadro de acne, a melhor prevenção é não espremer espinhas, porque quanto mais se manipula, mais profunda a cicatriz pode ficar. A médica pontua ainda a importância de iniciar o tratamento das lesões de forma precoce.  

“O tratamento da acne costuma ser muito demorado, lento, então é preciso paciência. Mas é mais fácil tratar as espinhas e comedões que as cicatrizes”. Por isso, é tão importante ter esses cuidados pra que essas disformias não fiquem mais profundas.  

E como tratar as cicatrizes?  

Maria Genúcia aponta que existem diversas técnicas disponíveis para melhorar o aspecto da pele e tratar as cicatrizes de acne, mas o melhor método vai depender do tipo de lesão. Conforme a médica, o uso de cosméticos ajuda, mas não resolve por si só.  

Os peelings, por exemplo, são bastante utilizados por não serem tão invasivos e podem ser de ácidos diversos, como glicólico, retinóico, fenol, etc.  

“É um método não muito agressivo, em que substâncias químicas são aplicadas na pele e melhoram a textura, esfoliam e ainda estimulam a produção de colágeno, melhora as rugas e uniformiza a cor da pele. É um tratamento que não é muito caro, custa em média R$ 300 a R$ 400 a aplicação”. 
Maria Genúcia Matos
dermatologista

Outra opção é o laser de CO2 (gás carbônico) fracionado, que melhora o relevo da pele e remodela a estrutura induzindo a produção de colágeno.  “O gás carbônico age evaporando a água da pele, induzindo o fibroblasto a aumentar a produção de colágeno, com isso, a cicatriz é empurrada pra superfície da pele”, explica a médica.  

Por ser um tratamento mais avançado, o custo é mais alto e uma sessão varia de R$ 1,2 mil a R$ 1,7 mil. Além disso, requer cuidados bastante específicos e pode ser necessário repetir a cada seis meses.  

Veja outras opções:  

  • Microagulhamento: consiste em um rolinho com agulhas de 0,5 a 3,5 mm de tamanho que promovem pequenas lesões na pele e estimulam a produção de colágeno.  
  • Ácido tricloroacético: o composto pode ser usado nas cicatrizes atróficas não distensíveis, em que a base fibrótica é destruída pra cicatriz subir.  
  • Preenchimento com ácido hialurônico: indicado pra cicatrizes mais profundas, já que o ácido hialurônico dá volume à região facial.  
  • Bioestimuladores de colágeno: como o próprio nome diz, são substâncias aplicadas de forma injetável na pele que estimulam a produção de colágeno.  
  • Esfoliantes químicos: alguns ácidos, como o glicólico e o mandélico, promovem uma esfoliação química na pele e ajudam na renovação celular.