Guaramiranga lidera em imóveis de 2ª residência e tem preço do metro quadrado similar ao Meireles

Segundo Censo 2022, divulgado pelo IBGE, cidade possui o maior percentual de domicílios de uso ocasional no Ceará (32,1%)

O avanço da atividade turística no Ceará ao longo da última década impulsionou o número de domicílios de uso ocasional no Estado - aqueles que não são a residência principal do proprietário - e uma cidade em especial se destaca nesse cenário: Guaramiranga.

A pouco mais de 100 km de distância de Fortaleza, a cidade possui uma taxa de 32,1% de imóveis enquadrados nessa categoria pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

O dado faz parte do Censo 2022, que mostra ainda que o município chegou a ter um número de domicílios ocasionais maior do que outras famosas localidades de turismo latente no Estado, próximas a praias, como Aquiraz (25,2%) e Icapuí (20,4%). Mas o quê levou a cidade serrana a ocupar a primeira posição desse ranking?

Corretores com décadas de experiência no mercado imobiliário de Guaramiranga e região consultados por esta coluna convergem ao avaliar que o clima e a tranquilidade do local funcionam como grandes atrativos. Afinal, é a possibilidade de estar próximo à Fortaleza, porém experimentando temperaturas bem diferentes das que vêm sendo observadas na Capital cearense.

Veja as maiores taxas de imóveis de uso ocasional no Ceará:

  1. Guaramiranga: 32,1%
  2. Aquiraz: 25,2%
  3. Icapuí: 20,4%
  4. Beberibe: 19,9%
  5. Paracuru: 19,1%
  6. Meruoca: 17,7%
  7. São Gonçalo do Amarante: 15,2%
  8. Mulungu: 14%
  9. Trairi: 12,3%
  10. Alcântaras: 12,2%
  11. Fortim: 12,2%
  12. Cascavel: 12,1%
  13. Itaiçaba: 11,7%
  14. Santana do Cariri: 11,3%
  15. Senador Pompeu: 10,9%
  16. Pacoti: 10,8%
  17. Aratuba: 10,3%
  18. Apuiarés: 10,2%
  19. Aracati: 10,1%
  20. Moraújo: 10%

Com 27 anos de experiência e proprietário da Guaramiranga Imóveis, José Valdo Costa explica que a segurança que as pessoas experienciam na cidade também é um importante atrativo.

“Aqui não é comum vermos a questão da insegurança, não vemos roubo de sítios, quando acontece é raro. Isso é o que torna a cidade mais valorizada”, diz.

De acordo com ele, o metro quadrado em Guaramiranga varia entre R$ 8 e R$ 15 mil - valor que quase se equipara ao metro quadrado mais caro de Fortaleza para venda, de acordo com os dados mais recentes do FipeZap, observado no bairro Meireles (R$ 9,6 mil).

Ele avalia que, principalmente após a pandemia - que provocou um intenso movimento de procura por bem-estar e contato com a natureza ao passo que possibilitou o trabalho home office - muitas pessoas passaram a buscar a cidade como segunda residência. “A internet aqui é boa, ao mesmo tempo a cidade ainda fica perto de Fortaleza”, reforça ele.

Perfil dos compradores

Narbal Anderson, corretor e avaliador com 20 anos de experiência no mercado imobiliário de Guaramiranga, complementa que os compradores de imóveis em Guaramiranga se dividem em alguns perfis.

Há os que se aposentaram e buscam a tranquilidade do município para morar, há os que, de fato, compram para ter um local para passar uns dias, normalmente de quinta a domingo, e há os investidores - de acordo com ele, de várias idades -, que são os que compram para alugar por temporada, para alugar por temporada e passar uns dias ou para alugar e, futuramente, vender.

São esses últimos dois grupos os responsáveis por colocar a cidade em posição de destaque quando se trata de domicílio de uso ocasional.

“Não predomina um perfil específico, são vários perfis. Há casos, por exemplo, de pessoas que vem para a cidade para tratar problema de saúde, então essas pessoas buscam lugares mais frios”, detalha Narbal.

Se em domicílios de uso ocasional a cidade é destaque, por outro lado, Guaramiranga tem a segunda menor população do Estado, com 5.654 habitantes. A cidade só fica atrás de Granjeiro, com 4.841 habitantes.

Emprego e PIB

Em linha com os números mais tímidos quando se trata de população, Guaramiranga também não apresenta resultados expressivos em relação ao mercado de trabalho formal.

De acordo com os dados mais recentes do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), do Ministério do Trabalho, a cidade teve 124 admissões e 93 desligamentos ao longo de todo o ano de 2023, gerando saldo positivo de 31 vagas.

Apesar do número pequeno, a Construção Civil respondeu por 22 vagas formais e o setor de Serviços concentra 19. Agropecuária e Comércio perderam 4 e 6 vagas, respectivamente.

Além de uma das menores populações do Ceará, Guaramiranga também possui uma das menores participações no Produto Interno Bruto do Estado, conforme os dados mais recentes (de 2020) do IBGE. A cidade possui a 174ª menor participação no PIB estadual (0,04% do total), com R$ 72,7 milhões.