Vinda de Bolsonaro ao Ceará pode ser a mais conturbada desde que assumiu a Presidência

Em meio à alta da inflação, denúncias contra o ministro Paulo Guedes jogam pressão no governo, que cresce em impopularidade

Desde o início do seu governo em 2019, o presidente Jair Bolsonaro acumula crises em série, a maioria delas causadas pela forma como ele conduz o Executivo Nacional, na base do confronto constante. 

Em nenhum momento, Bolsonaro navegou em águas calmas, mas, caso se confirme, a vinda dele ao Ceará no próximo dia 13 - a quarta desde que assumiu a Presidência - poderá ser a mais conturbada pelo momento pelo qual passa o Brasil. 

A crise atual, com elementos agravados pela pandemia, tem tido impacto direto na vida dos cearenses e brasileiros. 

A inflação passou recentemente a casa dos dois dígitos no acumulado de 12 meses, cerca de 10,25%, após os números desastrosos de setembro. 

10,15%
é o percentual de inflação acumulada em 12 meses, o que gera preocupação entre especialistas

A inflação corrói o dinheiro do trabalhador e, ao mesmo tempo, a popularidade dos governantes. Para ficar no exemplo mais recente, este foi o caso de Dilma Rousseff (PT).

A falta de controle dos preços dos combustíveis, que impacta na alta dos alimentos e do custo de vida, cobra também um alto preço também para Bolsonaro. 

Não há simpatia natural ou artificial que resista à carestia. Pior ainda: o governo federal não tem apresentado, pelo menos até o momento, soluções concretas para combater o problema, afinal os governantes estão lá para, diante das intempéries, apresentarem soluções. 

Por isso, a vinda de Bolsonaro ao Ceará ocorrerá em momento bastante conturbado e isso poderá ter reflexos nas reações ao presidente. 

Paulo Guedes na berlinda

Some-se a isso, as instabilidades dos poderes em Brasília e as recentes denúncias contra o ministro Paulo Guedes, de possuir uma empresa offshore em paraíso fiscal que se valorizou bastante nos últimos anos com a alta do dólar. 

O ministro nega irregularidades. E tem razão. Do ponto de vista da legalidade,está tudo certo. Entretanto, a política não gira na rotação dos diplomas legais. E acombinação joga ainda mais pressão no governo. 

Ministros no Ceará 

Duas passagens recentes de ministros do governo pelo Ceará foram marcadas por protestos. 

Uma delas ocorreu em Itapajé, na Zona Norte, quando o ministro Milton Ribeiro, da Educação, foi inaugurar um campus da UFC. Estudantes protestaram contra o governo e causaram constrangimento aos presentes. 

Mais recentemente, na semana passada, a ministra da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos, Damares Alves, não escapou do barulho dos manifestantes em passagem pelo Geopark Araripe, no Cariri. 

Na ocasião, ela tratava de pautas do Ministério no município do Crato, na mesma região. 

Com o maior controle da pandemia e a maior circulação de pessoas, as manifestações de ruas têm ganho mais corpo. 

Pré-candidato à reeleição desde que se elegeu ao cargo, Bolsonaro tem em relação ao ambiente político, mais um elemento de desgaste. Ele ainda não está filiado a nenhum partido e isso também dificulta a formação das alianças nos estados. 

Um cenário de indefinições cerca a visita do presidente ao Estado.