Os quatro estados nordestinos que mais recebem estrangeiros em 2022 são Bahia (75,9 mil), Ceará (60 mil), Pernambuco (42,9 mil) e Rio Grande do Norte (15,7 mil). Os dados são do Ministério da Justiça.
Os argentinos são a grande maioria de estrangeiros na Bahia, representando mais de 22,4 mil visitantes no ano passado. Já os franceses preferem o Ceará, com 12,4 mil turistas.
Mas por que os argentinos preferem a Bahia e os franceses o Ceará?
Diversos fatores podem explicar essas preferências, mas um deles é mais relevante: a quantidade de voos diretos da Argentina para a Bahia e da França para o Ceará.
Em Pernambuco, a maioria dos estrangeiros é de Portugal (9,5 mil), mas o número é inferior à quantidade de portugueses na Bahia (11,2 mil) e Ceará (9,8 mil).
A quantidade de argentinos chegando à Bahia é quase o dobro de franceses chegando ao Ceará e é o dobro, em média, de portugueses chegando ao Ceará e Pernambuco. É algo incrível.
Há de se ressaltar, porém, que os voos diretos de Buenos Aires para capitais como Recife, Natal e Maceió só retornaram em dezembro de 2022, fato que contribuiu para aumentar a discrepância entre os estados. Os voos da Aerolíneas Argentinas operaram para Salvador o ano todo.
Diferentemente de outros estados nordestinos, a Bahia recebeu até cinco voos semanais para Buenos Aires em alguns meses do ano passado. O Ceará, por exemplo, só tem um voo semanal da Gol para a capital argentina.
Além disso, a distância entre a Bahia e a Argentina é menor que em relação aos outros estados do Nordeste. Some-se a isso, que os preços das passagens entre os dois destinos são mais baixos na comparação com as demais cidades nordestinas.
Neste contexto, surge a oportunidade de outros estados nordestinos se fazerem conhecidos na Argentina para atrair mais voos.
Visitantes das Américas
Os turistas de países das Américas do Sul, Norte e Central conhecem muito pouco o Nordeste, e isso precisa ser fomentado pelas autoridades brasileiras. O Ceará já conseguiu um pacote interessante com aumento de frequências para Buenos Aires e a volta da ligação com Bogotá (Colômbia).
Os uruguaios só conhecem a Bahia e Pernambuco. Os norte-americanos são quantidades muito irrisórias ainda para a realidade do Nordeste e precisamos atraí-los.
Existe uma assimetria muito grande: do lado leste, europeus buscam o Nordeste; do lado oeste, os americanos ficam pelas praias caribenhas. Assim, estes vêm em quantidades muito menores que os europeus.
Os chilenos, então, não conhecem o Nordeste.
Presença de filipinos
Não pude esconder a surpresa de ter visto grande quantidade de filipinos em todos esses estados, como na Bahia e em Pernambuco, onde chegam a ser o terceiro maior emissor.
Segundo fontes da Marinha, os filipinos aparecem como uma das nacionalidades com mais pedidos de trabalho, principalmente, relacionados a serviços marítimos. De fato, segundo dados do Ministério da Justiça, grande parte dos filipinos não ingressaram na Bahia através do Aeroporto de Salvador.
Deve ser o caso também das três demais praças nordestinas.
Pontos de destaque do gráfico acima
- Grande predileção dos franceses e italianos pelo Ceará com mais de 12 mil e 6,5 mil franceses e italianos, respectivamente, recebidos. Interessante chamar atenção que mesmo sem voos diretos da Itália para o Nordeste, os italianos se fazem presentes em bons números.
- Os portugueses amam o Nordeste com ‘grande censo democrático’, já que se distribuem quase igualmente entre Salvador, Recife e Fortaleza; mas também por Natal e Maceió.
- Os espanhóis já preferiam a Bahia mesmo antes dos números da Air Europa fazerem-se perceber em Salvador (certamente, com dados de 2023, esses números para a Bahia serão mais pronunciados). Da mesma forma, os alemães preferem Pernambuco e o Ceará, mesmo sem voos diretos para esses estados.
- A KLM esqueceu o Ceará, mas os holandeses não: clara preferência destes pela terra do Sol, mesmo sem voo direto.
- Os cidadãos do Reino Unido ainda não são tão frequentes em todo o Nordeste.
- Por último, achei interessante os suíços demonstrando algum nível de atenção ao Ceará.
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*Este texto reflete, exclusivamente, a opinião do autor.