Na boleia da notícia de que o Porto do Pecém está a fechar este 2021 com mais um recorde de movimentação de cargas de exportação e de importação, consolidam-se o protagonismo e a importância da usina siderúrgica da CSP para a economia do Ceará.
Sozinha, a CSP responde por quase 50% de tudo o que o Estado do Ceará exporta para o mundo. Suas placas de aço, vendidas para clientes dos Estados Unidos, Canadá, México, Itália, Coreia do Sul e de outros países europeus e asiáticos, são produto da mais alta qualidade, pelo que toda a produção da companhia é comercializada, principalmente agora, no pós-pandemia.
Esta é só uma parte do alto relevo que tem a usina siderúrgica do Pecém para o Ceará e os cearenses.
A outra parte é a seguinte: a Vale, dona de 50% do capital da CSP - os outros 50% estão bem divididos entre a Dongkunk (30%) e a Posco (20%), ambas coreanas - precisa de voltar ao passado recente para enxergar o futuro próximo.
Quando a usina foi inaugurada em abril de 2017, alguns discursos e entrevistas levantaram a possibilidade de ela passar – “no futuro” – a produzir aço plano, agregando valor aqui mesmo.
O “futuro” anunciado há quase cinco anos chegou. A CSP e sua boa gestão conquistaram grandes mercados estrangeiros, que importam suas placas pela excelência do produto. Está, pois, na hora de os três sócios da companhia retomarem a ideia da instalação de uma linha para a produção de aço plano.
A indústria brasileira de automóveis e da chamada “linha branca” (refrigeradores, fogões, máquinas de lavar, bebedouros) ganhariam mais uma opção para adquirir essa matéria-prima, incentivando a salutar concorrência.
Por enquanto, este tema não consta da pauta da CSP, nem da Federação das Indústrias (Fiec), nem do Governo do Estado.
UM CORREDOR COMERCIAL AO ABANDONO
Dói no coração ver o abandono em que se encontram mais de 100 pequenos e grandes imóveis localizados ao longo da Avenida Monsenhor Tabosa, até muito recentemente um corredor do mais vibrante comércio varejista de Fortaleza.
Antes da pandemia da Covid-19, a crise já se abatera sobre o comércio daquela avenida, que hoje é sustentado por algumas famosas marcas, como o Supermercado Pinheiro e o Hotel Praia Centro.
A Monsenhor Tabosa ainda é ponto de visitação turística, uma vez que nela permanecem lojas que vendem confecções femininas e masculinas, para adultos e crianças, além de calçados e peças do artesanato.
Ela é uma artéria com atraente design – largas calçadas para os pedestres, pavimento intertravado para a circulação de veículos e boa sinalização vertical e horizontal. À noite, a boa iluminação pública compõe a paisagem, que é tisnada pelos rabiscos dos grafiteiros, cujas tintas sujam a fachada das antigas e cerradas lojas.
O poder público, que modernizou a Monsenhor Tabosa, fez bem-feito a sua parte. Agora, é a lei da oferta e procura que subordina o interesse do empresariado, que, pelo visto, ainda não se vê, pelo menos por enquanto, oportunidade para a reabertura do que hoje está fechado.
TODAS AS PREVISÕES FALHARAM
Há um ano, exatamente na última semana de dezembro de 2020, os economistas brasileiros previram que, em 2021, a inflação fecharia na casa dos 3,3%, ou seja, menos do que os 3,75% da meta fixada pelo Banco Central.
Erraram feito! A inflação de 2021 está passando dos 10%.
E a Taxa de Juros Selic? Para os bambambãs da economia, a Selic, que em janeiro estava na faixa de 3% ao ano, fecharia 31 de dezembro de 2021 no mesmo patamar. Puro engano: fechará em 9,25% ao ano.
Por que tantos e grosseiros erros? Os economistas se desculpam, alegando que a Covid-19 e suas consequências são as grandes causas dessas desastrosas previsões.
Devemos incluir, entre os culpados, o Congresso Nacional e o próprio Governo Federal, que adotaram medidas equivocadas, principalmente nas últimas semanas, ampliando os gastos públicos e o déficit orçamentário.
CHINA CONTROLA OS ALIMENTOS DO MUNDO
Atenção para esta informação, divulgada ontem pelo “Jornal de Negócios”, de Lisboa (Portugal):
De acordo com dados do Departamento de Agricultura dos EUA, a China controlará 69% das reservas de milho de todo o mundo no primeiro semestre de 2022.
Mais: os chineses controlarão 60% das reservas de arroz e 51% das de trigo.
As projeções representam um aumento de cerca de 20 pontos percentuais face aos últimos 10 anos.
Em 2020, a China gastou US$ 98,1 bilhões em importações de alimentos, 4,6 vezes mais em relação à década anterior, de acordo com os dados da Administração Geral e Alfandegária do país.
De janeiro a setembro de 2021, Pequim reforçou as suas reservas como não era visto desde 2016. Nos últimos cinco anos, as importações chinesas de soja, milho e trigo foram entre duas a 12 vezes superiores às compras de outras nações, como o Brasil e EUA.
Pensando sempre em alimentar o seu estoque, as empresas chinesas iniciaram uma onda de aquisições de empresas estrangeiras. Em junho, o principal fornecedor de carne do país, o WH Group, comprou um homólogo europeu, enquanto o Inner Mongolia Yili Industrial Group comprou uma empresa líder de laticínios na Nova Zelândia em 2019.
Resumindo: será uma festa o que os chineses ainda produzirão de notícias extraordinárias sobre sua economia e a do mundo inteiro.
A China de Xi Jiping não está para brincadeira, e o que se passa na África, onde os chineses investem pesadamente na produção de alimentos, e na América Latina, onde as eleições na Nicarágua e no Chile emitem um sinal de fácil decodificação, é só o início do que poderá uma mudança profunda na economia e na geopolítica mundiais.