Salmito toma um susto: há 6 meses Castanhão não tem água do S. Francisco

E mais: a perspectiva é de que, neste 2023, a situação permaneça a mesma, exigindo, preventivamente, a intervenção do governador Elmano junto ao Ministério do Desenvolvimento Regional

Durante um par de horas, o deputado Salmito Filho – que no dia 2 de fevereiro pedirá à Assembleia Legislativa licença do seu mandato de deputado estadual para assumir as funções de secretário do Desenvolvimento Econômico do Governo do Ceará – reuniu-se ontem com empresários da indústria e da agropecuária, aos quais disse: “Estou aqui para ouvir e aprender, quero me tornar parceiro de quem gera emprego e renda, pois, assim fazendo, nós juntos acertaremos mais do que erraremos”. 

Ciente de que o desenvolvimento econômico é produto da união de esforços do poder público com a iniciativa privada, e vice-versa, o jovem parlamentar deixou bem claro que “quem gera emprego e quem gera receita pública é a iniciativa privada, e isto ficou demonstrado durante a pandemia da Covid-19”. 

E, distensionando os presentes, sugeriu-lhes que desprezassem as naturais desconfianças em relação ao governador Elmano de Freitas, “que tem mesmo um passado de luta pelas causas sociais”. 

Mas Salmito disse: “Eu o conheci quando juntos trabalhamos na Assembleia Legislativa, e posso dizer-lhes que ele é um homem prático e cumpridor de compromissos. O que o governador Elmano acertar será cumprido, podem estar certos disto”, afirmou Salmito, que foi informado de que alguns dos presentes estiveram reunidos, por quatro horas, em dezembro passado, com o então eleito governador e recolherem dele muito boa impressão.

Como se à sua frente estivessem alunos de um curso de história da economia, Salmito Filho discorreu sobre o desenvolvimento econômico do Nordeste, que começou em 1958 no governo do presidente Juscelino Kubitscheck – o JK – quando o paraibano Celso Furtado criou as bases do que seria a Sudene e seu inédito programa de Incentivos Fiscais, graças ao qual a economia da região nordestina – nas suas vertentes industrial, agroindustrial e agropecuária – tem a força e a vitalidade de hoje.

“Tornei-me um estudioso das questões da economia do Nordeste graças ao incentivo que recebi da leitura dos livros e do conhecimento das ações de Celso Furtado”, disse Salmito Filho, que pessoalmente tem estreita ligação com a agropecuária – sua família é dona de uma porção de terra no município de Graça, na Chapada da Ibiapaba, na qual desenvolve um projeto de produção de sêmen de gado bovino de alta linhagem, produzindo, também, “um pouco de leite”.

Como se declarou mais interessado em ouvir do que em falar, Salmito anotou o que falaram alguns do auditório, o primeiro dos quais se referiu ao “mais importante projeto de recursos hídricos do Ceará, o Ramal do Salgado”, última etapa do Projeto São Francisco de Integração de Bacias, que, já licitado, aguarda, apenas, para ser iniciado, que o Ministério do Desenvolvimento Regional emita a Ordem de Serviço para a empresa vencedora da licitação. 

Esse projeto reduzirá em 150 Km a viagem das águas do rio São Francisco até a barragem do Castanhão, e para que se torne realidade será necessária a intervenção política do governo do Ceará.

Salmito assustou-se quando ouviu a informação de que, há seis meses, está paralisado o bombeamento das águas do São Francisco para o Ceará. E mais assustado ficou quando lhe foi dito que “neste ano de 2023, provavelmente, não teremos uma só gota de água da Transposição para o Castanhão”. Ou seja, se a estação das chuvas deste ano não for suficiente para recarregar os grandes açudes cearenses, haverá problemas para garantir o abastecimento de água da Região Metropolitana de Fortaleza e do interior do Estado.

De um produtor de algodão na Chapada do Apodi, Salmito ouviu outra informação preocupante: a região não tem internet de qualidade, e isto dificulta a comunicação das empresas que operam ali. 

E mais: as estradas pelas quais é escoada a produção de algodão, soja e frutas do Apodi estão deterioradas. A Superintendência de Obras Públicas (SOP) tem projeto pronto para asfaltar a rodovia estadual que nasce no distrito de Olho D’Água da Bica e vai até a BR-347, em Limoeiro do Norte. Essa estrada é vital para a agropecuária da Chapada do Apodi.

Salmito Filho foi informado de que, para tratar de uma solução para essa estrada, o superintendente da SOP, engenheiro Quintino Vieira, agendou para a próxima semana uma reunião com representantes da agropecuária.

Um grande carcinicultor expôs a Salmito Filho a situação da criação de camarão no estado, transmitindo-lhe uma boa notícia: é o Ceará o maior criador de camarão do país, respondendo por 60 mil das 150 mil toneladas/ano produzidas no Brasil.
 
“Isto poderá melhorar, se o governo do estado tornar mais rápido o processo de licenciamento das fazendas de produção, a maioria das quais opera na informalidade, infelizmente”, revelou o carcinicultor.

No final, fez-se uma fila de empresários – eram 19 – que fizeram questão de cumprimentar o secretário.