Entre janeiro e março de 2023, a Grendene registrou receita bruta de R$ 657,6 milhões, crescimento de 4,2% ante o primeiro trimestre do ano anterior. O lucro líquido recorrente foi de R$ 156 milhões, 18,1% maior do que no 1T22. Já a receita bruta por par ficou em R$ 22,52, avanço de 2,1% em comparação com o mesmo período.
O crescimento apresentado se deve ao desempenho no mercado interno, onde a receita bruta alcançou R$ 495,1 milhões, 15,2% maior que no 1º trimestre de 2022. O volume de pares vendidos também foi maior, registrando 21 milhões de unidades e avanço de 10,7%. Esse resultado foi puxado pela performance das marcas da Divisão 1 (todas da companhia, exceto Melissa). Essas marcas apresentaram um sell in superior ao sell out no período, o que pode indicar um processo de recomposição de estoque de lojistas, distribuidores e atacadistas.
Nos primeiros três meses de 2023, o preço médio por par no Brasil foi de R$23,59, representando um aumento de 4% frente ao mesmo período de 2022. “Essa variação é reflexo do reajuste de preços aplicado no período e da maior participação dos canais varejo e magazine, que demandam produtos de maior valor agregado, ainda que a representatividade das vendas da Melissa sobre os embarques domésticos tenha recuado”, explica Alceu Albuquerque, Diretor Financeiro e de Relações com Investidores da Grendene.
Analisando o resultado das marcas da Divisão 1 por segmento, observa-se um aumento consistente, da receita e do volume, em todas as linhas no comparativo com 1T22. Grande parcela deste resultado é explicado pelo desempenho do segmento feminino, composto pelas marcas Zaxy, Azaleia e Grendha, que apresentou crescimento de 56,4% em receita e 39,8% em volume. Já a linha Ipanema avançou 30,8% em receita, 10,7% em volume e 18,1% em ticket médio no comparativo com o mesmo trimestre do ano anterior, fortemente impactada pela coleção Sempre Nova 2022, que continuou performando bem neste início de ano.
De janeiro a março de 2023, foram embarcados 8,2 milhões de pares para o mercado internacional, gerando R$162,5 milhões em receita bruta, valor 19,1% menor do que o do mesmo período do ano passado e o volume também recuou em 15%. Esses números podem ser atribuídos à desaceleração do cenário econômico internacional.
A queda das exportações da Grendene foi mais intensa do que a observada no setor de calçados como um todo, em função da dificuldade de exportar para alguns países da América Latina. Na Argentina, por exemplo, há restrição de crédito para importadores, visto que instituições financeiras não estão abrindo cartas de crédito para os importadores. No Peru, o cenário político tem impactado o comportamento dos importadores, resultando na morosidade da colocação de pedidos.
O lucro bruto da Grendene teve um acréscimo de R$21,9 milhões e totalizou R$218,1 milhões, incremento de 11,2% ante o mesmo período de 2022. A margem bruta cresceu de 37,9% no 1T22, para 41,9% neste 1º trimestre de 2023. A maior parcela deste resultado pode ser compreendida pelo recuo dos preços das matérias-primas, e em menor escala pelo aumento da receita líquida e pela retração dos demais componentes do CPV (Custo do Produto Vendido).
“Mesmo com a redução de 6,1% do CPV que permitiu o incremento da margem bruta em 4 p.p., ainda vemos oportunidades para melhorias, principalmente no componente matéria-prima, dado que o custo médio de estoque da resina da PVC, que é o principal insumo da companhia, se mantém acima do seu custo médio de reposição”, afirma Alceu.
O EBIT (earnings before interests and taxes – lucro operacional antes dos efeitos financeiros) recorrente atingiu R$74,5 milhões nos três primeiros meses de 2023, aumento de 41,6% em comparação ao 1T22. A margem EBIT recorrente avançou para 14,3% (+4,1 p.p.), repercutindo a melhora do CPV no trimestre, fruto da queda dos preços das matérias-primas.
O resultado financeiro cresceu 14,8% para R$101,9 milhões, efeito do maior saldo médio aplicado no período, bem como de um CDI médio mais elevado. Embora a companhia tenha divulgado a distribuição de dividendos extraordinária de cerca de R$1,1 bilhão, o resultado financeiro ainda não foi impactado, considerando que a saída de caixa ocorrerá na segunda quinzena de maio deste ano.
Os números de 2023 até o momento são animadores para Alceu, que está confiante na sequência do ano. “Estamos satisfeitos com os resultados do trimestre, alcançamos um desempenho melhor do que no início de 2022, mesmo diante de um ambiente mais desafiador. Seguimos seguros de que este ano será de crescimento para a Grendene”, finaliza Alceu.