Ontem à noite, duas horas e meia após o fechamento do mercado financeiro, o presidente Lula, ocupando uma rede de rádio e televisão, fez um pronunciamento à Nação. Vestindo uma camisa social de cor azul claro e tendo sobre a cabeça um chapéu do tipo Panamá, o mesmo que usou em suas últimas entrevistas, Lula iniciou sua fala referindo-se ao Natal e aos ensinamentos cristãos. Ele disse:
“Todas e todos vocês que ajudam a construir esse grande país. O Natal é um bom momento para relembrarmos os ensinamentos de Cristo: a compaixão, a fraternidade, o respeito e o amor ao próximo. Meu desejo é que esses ensinamentos estejam presentes não apenas no Natal, mas em todos os dias de nossas vidas. Que cada um de nós reconheça no outro o seu semelhante. Que irmão se reconcilie com irmão. Que as famílias possam celebrar em comunhão.”
Em seguida, ele agradeceu pelas orações e pela “corrente de solidariedade” que os brasileiros fizeram durante “a emergência médica” a que ele se submeteu recentemente. Ele disse:
“Este é o momento de renovarmos nossa esperança. Esperança em um país mais justo. Um Brasil sem fome, onde cada mulher e cada homem tenha trabalho digno e tempo para acompanhar o crescimento de seus filhos. Que cada mãe e cada pai tenha a felicidade de saber que seus filhos estão bem cuidados, saudáveis e protegidos.
“Sempre acreditei que governar é cuidar das pessoas. Cuidar de todos e de todas os brasileiros e brasileiras. Com um olhar especial para aqueles que mais precisam. A base de tudo o que fazemos é o diálogo e o trabalho conjunto do governo federal com a sociedade, os governos estaduais e as prefeituras. É o respeito e a harmonia entre o Executivo, o Legislativo e o Judiciário. É a defesa intransigente da democracia.
O presidente Lula disse mais:
“Ainda temos enormes desafios pela frente. Mas o Brasil tem hoje uma economia forte, que continua a crescer. Um governo eficiente, que investe onde é mais importante: na qualidade de vida da população brasileira.
Fizemos muito, e ainda temos muito a fazer. Estamos colhendo os frutos do nosso trabalho, mas é preciso continuar plantando. Semear e adubar, irrigar e cuidar, sempre e sempre. Em 2025, redobraremos nossas forças para o plantio. E que a colheita seja cada vez mais generosa.”
O presidente falou à noite, quando a Bolsa de Valores e o mercado de câmbio já haviam encerrado suas operações. A Bolsa voltou a cair. Detsta vez, a queda foi forte, de 1,09%, descendo para os 120.700 pontos, o nível mais baixo desde junho deste ano.
O dólar subiu 1,87%, encerrando o dia cotado a R$ 6,18.
Como esta coluna havia previsto ontem, o mercado não gostou do pacote de corte de gastos do Governo, que foi desidratado pelo Congresso Nacional, que, além disso, aumentou mais ainda as despesas governamentais.
O cearense Mansueto Almeida, economista-chefe do Banco BTG Pactual, escreveu o seguinte no último relatório que elaborou para os seus clientes:
“A forte desvalorização do real tem a ver com a questão da credibilidade, ou seja, com a incerteza de que o governo vai tomar medidas necessárias para melhorar o resultado fiscal”.
Resumo da ópera: o mercado continua desconfiando do governo, e enquanto persistir essa desconfiança haverá instabilidade cambial, sobe-e-desce da Bolsa e juros elevados, encarecendo o custo de produção, tonificando a inflação e castigando os mais pobres.