Produtores rurais cearenses, mobilizados pela Federação da Agricultura e Pecuária (Faec), estão dando respostas a seis perguntas sobre a qualidade dos serviços prestados pela Enel Ceará Distribuição, empresa controlada por capitais italianos que distribui, no modo monopólio, energia elétrica em toda a geografia do Estado.
Ontem, a Faec, já tendo recebido 616 respostas, apurou que 92,1% dos entrevistados estão muito insatisfeitos ou insatisfeitos com o serviço da Enel.
Vamos por partes.
A primeira pergunta é esta: Na sua localidade, há falta de energia constante? 35,2% responderam que há, pelo menos uma vez por mês; 28,7% disseram que há falta de energia, pelo menos uma vez por semana; 24,5% informaram que falta a cada 15 dias;
A segunda pergunta é a seguinte: Quando falta energia em sua localidade, qual a demora para o restabelecimento do serviço? 27,6% responderam que a demora é de 11 a 24 horas; 26% que é de 6 a 10 horas; 23,1% que é de 1 a 6 horas; 12,2% que é de mais de 48 horas; e 11,2% que é de 25 a 48 horas;
A terceira pergunta é esta: Já sofreu algum prejuízo por causa da falta de energia? 39,4% disseram que de 2 a 3 vezes; 27,9% responderam que tiveram prejuízo mais de 5 vezes; 19% apenas uma vez; 13,6% responderam que nunca tiveram prejuízo;
A pergunta seguinte é esta: Por causa do prejuízo, recebeu indenização da Enel? 95,9% responderam que nunca receberam indenização.
A quinta pergunta é: Qual seu grau de dificuldade para conseguir acesso ao atendimento ao consumidor da Enel? 45,5% responderam que é difícil; 28,6% informaram que é muito difícil; 21,9 disseram que é fácil; e 4% que é muito fácil.
A sexta e última pergunta é esta: Qual o seu nível de satisfação geral com os serviços prestados pela Enel-Ceará? 51,5% responderam que estão muito insatisfeitos; 40,6% disseram que estão insatisfeitos, o que totaliza 92,1% de insatisfação.
Alguns dos que responderam são grandes empresários da agropecuária cearense, mas a maioria são pequenos produtores rurais, que, além do precário serviço que a Enel lhes presta no sertão, estão, desde o último dia 19 de março, pagando mais caro pela energia que consomem.
Sobre este tema, esta coluna – pelo que tem lido e ouvido e, ainda, levando em conta o que já aconteceu em pretérito recente – está prevendo que, ao final deste período de notas oficiais, de movimentação de parlamentares estaduais e federais e de pesquisa da Faec, todos manifestando-se contra o serviço da Coelce e contra o aumento das tarifas de energia autorizado pela Aneel a pedido da Enel – valerá o que foi estabelecido, ou seja, todos teremos de pagar mais caro pela conta de luz.
Há contratos celebrados pelas empresas distribuidoras com o poder concedente, que é a União. Esses contratos – claramente elaborados para favorecer as concessionárias – têm de ser cumpridos, a não ser que o Supremo Tribunal Federal, em fase de clara dubiedade nos dias de hoje, decida pela sua inconstitucionalidade, algo que, no caso em tela, é muito pouco provável de acontecer.
Ao mobilizar seu exército de produtores rurais, a Faec exerce o direito do “jus esperneandi” – neologismo inexistente em latim, mas usado até no meio jurídico para, jocosamente, oferecer aos prejudicados o direito de espernear ou de reclamar contra o que se considera ilegal, injusto, absurdo, fora dos padrões, exatamente como acontece agora com o reajuste das tarifas da Eneel. Este é um lado do problema.
O outro lado é, realmente, a qualidade do serviço prestado pela Enel e pelas empresas que ela terceiriza. Preocupada em produzir crescentes lucros para sua matriz em Roma, a Enel Ceará olvidou o bom atendimento, principalmente à sua clientela empresarial no campo e nas cidades.
Esta coluna recebe, quase diariamente, mensagens de pequenos, médios e grandes produtores de leite que, por falta de energia, são obrigados a despejar no lixo a produção armazenada em tanques de resfriamento, cuja temperatura deve estar sempre entre 4 e 6 graus. É bem verdade que os grandes produtores, mais capitalizados, têm em seus estabelecimentos geradores próprios de energia, que se ligam automaticamente tão logo falta a energia da Enel.
A Enel já deveria ter tomado providências para readequar seus serviços às necessidades dos seus clientes. Na Itália, algo assim não acontece.
AGRISHOW BATE RECORDE
Nos cinco dias de Agrishow, maior feira mundial de tecnologia para a agropecuária, realizada na semana passada em Ribeirão Preto (SP), foram fechados o equivalente a R$ 11 bilhões em negócios de venda de máquinas, equipamentos e soluções tecnológicas para o agronegócio.
Um incremento de 300% em relação à última feira.
A cearense Ceará Máquinas Agrícolas (Cemag), que expôs suas máquinas e equipamentos em estande próprio na Agrishow, registra o que, discretamente, chama de “bom incremento das vendas”.
A Agrishow, que passou dois anos suspensa por causa da pandemia da Covid-19, foi visitada, neste ano, por mais de 200 mil pessoas, 30% a mais do que no último evento.