Dono de três plantas frigoríficas localizadas em Pernambuco, Pará e Tocantins com a marca Masterboi, o agroindustrial Nelson Bezerra reuniu-se ontem, em Fortaleza, com um grupo de empresários da agropecuária cearense com os quais debateu sobre a integração da pecuária de corte do Ceará, em veloz crescimento, à sua unidade pernambucana localizada no município de Canhotinho, 205 quilômetros a Oeste de Recife.
A ideia agradou tanto que as partes envolvidas decidiram unir-se em torno de uma proposta que, para ser viabilizada, terá de ter a anuência e a parceria do governo estadual. Por isto, os líderes cearenses do setor buscarão o apoio do governador Elmano de Freitas, o que farão por intermédio do seu secretário do Desenvolvimento Econômico, Valfrido Salmito, ao qual apresentarão a sua reivindicação.
Vamos por partes! Comecemos pela informação de que a pecuária de corte do Ceará vem passando, nos últimos anos, por significativas mudanças, principalmente no que diz respeito à melhoria genética e à introdução de raças adaptadas à produção de carne de alta qualidade, com destaque para a raça Nelore, que se expande nas fazendas de criação da pecuarista Candice Rangel, em Missão Velha, no Sul do Estado, e do industrial e agropecuarista Beto Studart, na geografia do município de Pindoretama, 51 quilômetros a Sudeste de Fortaleza pela CE-040.
A iniciativa privada tem feito grandes investimentos, abrindo boas perspectivas para a ampliação da pecuária de corte no Ceará, mas a ausência de uma planta frigorífica mantém o estado distante de uma atividade e de um mercado muito promissores. Ora, está claro que, sem a existência de um frigorífico, não haverá boi para abater e comercializar aqui. Hoje, na prática, toda a carne bovina consumida pelos cearenses é importada de outros Estados e até da Argentina e do Uruguai.
A liderança da agropecuária do Ceará, com o apoio de sua Federação da Agricultura (Faec), já externou ao governador Elmano de Freitas a necessidade de ser criada uma política voltada ao desenvolvimento da pecuária de corte, incluindo um leque de incentivos fiscais nos moldes dos existentes em outros estados onde essa atividade existe.
Há uma pergunta que persiste: o Ceará não tem uma planta frigorífica porque seu rebanho bovino de corte ainda é pequeno ou esse rebanho ainda é pequeno porque lhe falta um frigorífico?
Enquanto os atores interessados na solução do problema não encontram uma resposta à pergunta, os líderes do agro cearense – entre os quais o pecuarista Fernando Franco, que é também advogado especializado em questões tributárias – já elaboram, com a ajuda do empresário pernambucano Nelson Bezerra, uma proposta que levarão ao governador Elmano de Freitas no sentido de tornar viável, do ponto de vista legal, a interação da pecuária do Ceará com o frigorífico pernambucano de Canhotinho.
Com 19 anos de atuação no mercado, o Grupo Masterboi, sediado em Recife, tem três grandes frigoríficos – um na cidade de São Geraldo do Araguaia, no Pará, outro em Nova Olinda, no estado de Tocantins, e o terceiro em Canhotinho – os quais têm capacidade para abater 3 mil bois por dia.
A empresa – que exporta para mais de 40 países – produz cortes especiais com marca própria e atua, também, na distribuição e importação, para o que conta com um centro de processamento e de distribuição em Recife. Seu mix de produtos tem 700 itens entre carnes bovinas, espetinhos, carne de sol, charqueados, aves, suínos, embutidos, laticínios, ovinos, pescados, crustáceos e vegetais.
Fernando Franco mostra-se entusiasmado com a possibilidade de celebração de uma parceria com a Masterboi de Nelson Bezerra, considerando que “será um passo importante para o crescimento da pecuária estadual cearense, abrindo caminho para novos investimentos que aumentarão em quantidade e qualidade o rebanho bovino para corte e melhorem seu padrão genético, o que já vem sendo feito por médios criadores”.
Pelo andar da carruagem, parece estar surgindo uma luz no fim do túnel da pecuária bovina do Ceará.