Já estão em Fortaleza alguns dos maiores produtores de algodão do país, que participarão, de amanhã até quinta-feira, do 14º Congresso Brasileiro do Algodão (CBA), maior acontecimento da cadeia produtiva do que se pode chamar de “ouro branco”. O congresso será realizado no Centro de Eventos do Ceará e dele participarão 4.500 pessoas de 29 países e de 23 dos 27 estados brasileiros. Entre os participantes, incluem-se os maiores produtores do Brasil e os maiores importadores do mundo.
O Brasil tornou-se, neste ano, o maior exportador mundial de algodão. O país produz cerca de 3,5 milhões de toneladas e consome menos de 1 milhão de toneladas. O excedente é exportado.
Para que se tenha a dimensão dessa reunião bianual promovida pela Abrapa – Associação Brasileira dos Produtores de Algodão – eis aqui a relação dos debatedores do painel “Décadas de Desafios e Oportunidades: o protagonismo do algodão brasileiro na visão dos grupos agrícolas nacionais”, que acontecerá amanhã, terça-feira, a partir das 11h45:
Erai Maggi, Blairo Maggi e Guilherme Scheffer, os maiores produtores de algodão do Mato Grosso; Walter Horita, maior produtor da Bahia; Carlos Alberto Moresco, o maior de Goiás; e Aurélio Pavinato, CEO da SLC, segunda maior empresa produtora de algodão do Brasil, com fazendas de produção nos estados do Mato Grosso, Bahia, Goiás, Maranhão, Tocantins e Piauí. Além deles, estará no mesmo painel ninguém menos do que Roberto Rodrigues, ex-ministro da Agricultura e uma espécie de sumo pontífice do agro brasileiro.
Por pura coincidência, a decima quarta edição do CBA acontecerá no instante em que o Governo do Ceará, a Federação da Agricultura e Pecuária (Faec) e a Federação das Indústrias (Fiec) decidiram juntar-se para elaborar o “Projeto Algodão do Ceará”, que será apresentado quarta-feira, 4, durante café da manhã promovido pela empresa cearense de tecnologia Fertsan e a Secretaria de Desenvolvimento Econômico (SDE).
O objetivo desse projeto – para cuja elaboração colaboraram os especialistas do Centro de Inteligência do Agro, da Faec, e do Observatório da Indústria, da Fiec – é devolver o Ceará ao seu lugar de protagonista da cotonicultura nacional, posição que ocupou nos anos 50, 60 e 70 do Século XX. Não será fácil.
O vizinho estado do Piauí, em cuja geografia prosperam na velocidade do frevo grandes projetos de cultivo do algodão e de soja, tem atraído investimentos de vulto, sem se falar na Bahia, onde a cultura algodoeira avança em ritmo de Mato Grosso, graças a investimentos na tecnologia, no trato do solo e na capacitação e qualificação do pessoal envolvido.
O caminho se faz ao caminhar, é verdade, mas o primeiro passo da caminhada deve ser na direção correta. No Ceará, já foram dados os primeiros passos – e no rumo certo.
Na Chapada do Apodi, no Leste cearense, a Fazenda Nova Agro, com assistência técnica da Embrapa, produz algodão de fibra longa e de densidade semelhantes ao do produto egípcio, considerado o melhor do mundo.
No chão da região do Cariri, onde há um oceano de água doce no subsolo, e do Sertão Central, onde o cultivo do algodão é e será de sequeiro (só com água da chuva), a perspectiva é muito boa, tendo em vista os investimentos que os três sócios do projeto (Governo, Faec e Fiec) farão na tecnologia de revitalização do solo. A Embrapa fornecerá as sementes e transmitirá conhecimento técnico e científico.
Voltemos ao CBA, com informações da Abrapa: As mudanças econômicas globais e os avanços tecnológicos estão moldando a produção e comercialização do algodão brasileiro. Para entender melhor essas dinâmicas o CBA dedicará a manhã de quarta-feira, 4, aos dois seguintes painéis: “Agronegócio em Transformação: Análises Macroeconômicas e Tendências Financeiras” e “A Inteligência Artificial Vai Produzir Algodão? O Avanço da Agricultura Digital”. Esses painéis reunirão especialistas para discutir as perspectivas de investimentos e o impacto da inovação no setor da fibra.
A primeira plenária do congresso será mediada pelo jornalista Caio Junqueira e apresentará pontos de vista sobre como a transformação econômica global e as flutuações do mercado financeiro impactam o setor agrícola, com foco específico no algodão. O Banco do Brasil, o Sicredi, o Rabobank e o Itaú BBA, grandes players do financiamento agrícola, terão destaque, refletindo sobre como suas estratégias financeiras modelam o panorama da produção.
O presidente da Abrapa, Alexandre Schenkel, diz que o futuro é onipresente no CBA. E acentua:
"E está em evidência em todas as discussões: as novas tecnologias, os rumos do mercado, as novas demandas do consumidor, e, claro, a sustentabilidade, que nos permite usufruir dos recursos de hoje ao longo dos muitos séculos vindouros. Está presente, ainda, na busca constante por uma atividade longeva, envolvendo as gerações à frente, não apenas os descendentes de quem produz, mas de quem pesquisa, beneficia, fia, tece, cria tendências, vende e usa o nosso algodão. Assim sendo, pode parecer estranho que no 14º Congresso Brasileiro do Algodão estejamos voltando os olhos ao passado, para falar de história e protagonismo.”
O CBA prosseguirá até quinta-feira, 5.